f Adeus, verde.: fevereiro 2014

27 de fev. de 2014

A Gaiola


Andei bem afastado eu sei. Pra ser sincero com vocês e comigo mesmo, andei bem afastado de mim, ou pelo menos do cara que eu imaginava me tornar. Depois da cura do meu Câncer, depois de seis meses trancado em casa, eu novamente pude sair para a vida, e acredito que desejei tanto sair, que saí rápido demais, com tanta sede por viver que acabei tropeçando em velhos defeitos, acabei atropelando algumas lições básicas que aprendi com essa doença.
Continuo graças a Deus curado, minhas sobrancelhas voltaram tão espessas e pretas como antes, meus cílios já estão longos e curvados, minha barba tenho que fazer toda semana, e o meu cabelo esta crescendo bastante e só agora começou a enrolar, exatamente como os meus pensamentos. Passei por bastante coisa, coisas que vocês acompanharam junto comigo aqui pelo Blog, passei por tudo isso, fui fundo a procura da minha força, da minha fé e da minha coragem, e hoje fico surpreso ao reparar que em alguns momentos eu consiga esquecer disso tudo. Posso confidenciar pra vocês que não é fácil mudar totalmente, não é fácil amadurecer do dia para a noite, arrancar aqueles defeitos que levamos a tanto tempo junto de nós. Eu realmente acreditei que passar por essa doença e por todo esse processo dolorido iria me transformar completamente em uma outra pessoa, mas, não funciona exatamente assim, tudo é um trabalho, é um dia depois do outro, são fichas que vão caindo aos poucos, conforme as situações vão aparecendo. É um trabalho diário, de mudança e de amadurecimento, percebi que eu estou todo dia dando Adeus, ao meu verde, é um eterno processo. 
Andei afastado do Blog pois fui viver o que a vida me apresentava, receber um novo amor em nossa vida requer um tempo de dedicação, como receber um hóspede, temos que gastar algum tempo dando uma geral na casa, e sendo atencioso a essa nova pessoa. E acredito que dando essa geral na casa, acabei esbarrando em muita coisa que precisava ser mudada, trocada ou simplesmente ir fora, pois não tem mais utilidade alguma. Estou cheio de coisas na cabeça e pensamentos que fervilham, pois sou um cara inquieto mesmo, que está sempre escarafunchando em suas opções e encarando seus medos, suas travas. Estou sempre procurando me entender, tentando entender meus sentimentos. 
Agora estou aqui novamente, buscando o que tenho de melhor, tentando mais uma vez resgatar tudo que aprendi ao longo dos últimos meses, acreditando que sou capaz sim de mudar coisas que parecem tão difíceis, estou disposto a peitar qualquer decisão que eu tenha que tomar, em nome da minha felicidade, em nome da minha paz. Sinto que minhas asas cresceram e que não posso mais continuar nessa pequena gaiola, ela já está velha e apertada demais. Preciso me soltar, e voar. Ser uma pessoa melhor.

13 de fev. de 2014

Motivos para se apaixonar


Não tem como entender. Não existe receita ou fórmula mágica, não existe um caminho certo a se percorrer quando se trata de amor, quando se trata de paixão. Estar envolvido, apaixonado ou amando é assim mesmo, um tiro no escuro, um caminhar sem enxergar. Os apaixonados se enchem de certezas e ao mesmo tempo de dúvidas, os apaixonados se jogam mas ao mesmo tempo seguram firme em seus medos e receios. Os apaixonados nem mesmo sabem exatamente porque estão apaixonados. Eles só sabem que estão. Estão envolvidos, enrolados e enrascados, "ferrados" por esse sentimento tão maluco que é a paixão. Fulano pode ser a pessoa mais centrada e correta do mundo, mas se um dia ele acordar e perceber que está apaixonado por aquela pessoa que até então ele via esporadicamente, que gostava de sair e conversar, e dar uns beijos sem compromisso no fim da tarde ou no meio da noite, aí tudo muda, não existe mais a pessoa centrada e correta, existe apenas uma pessoa entregue e disposta a tudo.
Ninguém sabe dizer só um motivo pelo qual se apaixonou, justamente por nunca ser só um. Paixão envolve diversos motivos para acontecer. Se me perguntassem porque me apaixonei, eu diria o seguinte: Eu me apaixonei pelo olhar, pela forma que me olha, que me instiga, por aquele olhar inquietante de quem quer ver além do meu rosto. Apaixonei pela maneira de falar, pela maneira de me interromper, o jeito de cantar, o jeito de me beijar, pelo sorriso no fim do beijo, pelo sorriso no meio do beijo. Eu me apaixonei pela história de vida, por tudo que passou, mas, principalmente pelo que deseja passar. A paixão aconteceu no meio das conversas, entre uma cerveja e outra, entre um suspiro e uma pausa, entre uma coisa em comum e uma diferença gritante. Esse sentimento cresceu enquanto eu aguardava a resposta de uma mensagem, enquanto pensava no que responder, cresceu conforme a madrugada ia chegando e o nosso assunto não tinha fim. A paixão aconteceu enquanto a gente dividia a cama, quando mesmo dormindo me abraçava forte e me puxava pra perto. Eu me apaixonei pela manhã, quando via acordar, com aquela cara amassada e aquele "bafinho" matinal, pela maneira que pulava da cama, que preparava o chimarrão, o café ou um sanduíche.
A "paixonite" aumentava a cada discussão, a cada briga pelo meu ciúmes, pelo teu ciúmes. Cada vez que surgia os medos, as incertezas, as dúvidas, todas aquelas coisas que rodeiam a cabeça de quem está muito feliz, por isso os problemas eram inventados, para gente poder gritar, sacudir, esmurrar uma almofada, só pra provar para nós mesmos o quanto a gente se ama, se gosta e se cuida. Eu me apaixonei pelo banho de piscina; pela noite na casa da amiga; por uma mensagem no meio da tarde; por ter cortado cebola enquanto você preparava a massa; pelo jeito que nos atiramos no sofá, na cama; ou por aquela festa que bebemos juntos e depois voltamos de pés descalços e mãos dadas pela rua. Apaixonei pelo fato de eu poder ser eu mesmo, sem máscaras, sem fingir ou ter que fazer joguinhos.

A gente se apaixona quando tem que ser, quando os astros abençoam, quando os anjos dizem amém, quando o universo conspira a favor, quando os dois querem e lutam pela mesma coisa. Estar apaixonado é estar na beira de um penhasco fazendo um piquenique, uma mistura de bem estar e medo, de alegria e receio, é um prazer perigoso. É lindo quando encontramos alguém disposto a viver essa loucura, quando encontramos a pessoa que vai sentar na sua toalhinha xadrez, abrir a cesta de frutas e admirar ao seu lado toda a imensidão daquele penhasco apavorante, mas, com a certeza que está em um paraíso.