f Adeus, verde.: 2014

18 de dez. de 2014

Existência




Ainda não descobri o motivo da minha existência. Não sou evoluído ou espiritualizado o suficiente para conseguir definir alguma coisa. Até hoje não consegui nem sequer me definir. Estou longe de ser um monge, um sábio, um anjo ou qualquer uma dessas "coisas" que despertam forte admiração.


Minha única certeza é a que sou humano, extremamente humano, meu coração é o que orquestra tudo. Sou um exemplo de erros e defeitos, mas sigo evoluindo e disso não me resta nenhuma dúvida. Tropecei muito, e sempre pelas minhas escolhas impulsivas e cheias de emoção. 

Acho linda minha história, e digo "história" com o tom mais humilde que a palavra possa expressar, pois ainda é uma pequena trajetória, quase nada comparada as vivências de tantas outras pessoas. Mas essa é a minha vida, sou hoje um rascunho maluco de tudo que fiz até aqui, e apesar dos riscos e manchas desnecessárias eu sou apaixonado por todo o contexto, pois foi eu que escrevi, linha por linha, somente eu.
Por isso amo os erros e os atropelos tanto quanto as conquistas e acertos.



Não sou um monge, um sábio, ou um anjo, mas, tenho uma coisa em comum com todos eles, o amor.
Sou um apaixonado pelas pessoas, e por esses ciclos loucos que se iniciam e acabam tempo todo, sem ao menos perguntar se é isso que queremos, tenho um caso de amor secreto com essa empáfia do destino, que teima em passar por cima do nosso livre arbítrio, manipulando e construindo novos caminhos enquanto estamos descuidados seguindo nossas rotinas. 


Ainda continuo sem descobrir o motivo da minha existência. Apenas desconfio que seja para amar. Amar o máximo que meu coração permitir. Independente de manchas, erros e ciclos. 

9 de dez. de 2014

Zerar o placar



Estou recomeçando. De novo. Mais uma vez. Tenho recomeçado a bastante tempo. Posso confessar que cansa, que enlouquece a cabeça, que as vezes até machuca. Mas, que por outro lado é incrível, a cada recomeço me sinto mais forte, mais possibilidades se escancaram na minha frente. Não tenho nenhuma dúvida do quanto os últimos meses modificaram tudo. Amadureci. Mudei a visão. Esse tempo despertou diversas coisas, que nunca havia pensado ou priorizado.



Redijo esse texto com milhões de pensamentos pipocando em minha mente, mas, com uma tranquilidade evidente. Pela primeira vez em minha vida fui invadido por uma paz e uma porção de certezas. Sobre mim. Sobre o que quero. 

Zerar o placar, retornar, recomeçar.
Pela primeira vez não quero acender um cigarro para aliviar a ansiedade, ou atirar-me em uma garrafa de cerveja, criar raiz dentro de algum bar. Não sinto a minima vontade de qualquer uma dessas coisas. Só penso em mim. Só em mim. Desculpa repetir essa frase já tão manjada nesse texto, mas pela primeira vez em minha vida estou pensando inteiramente em mim.



Sobre todos os "volte cinco casas" desse jogo chamado vida, garanto a vocês que a única certeza é o carinho, o afeto, e o conforto familiar. Ah, e claro, o amadurecimento. Adeus, verde.

2 de dez. de 2014

Um novo projeto

A todos que me acompanham aqui a mais de um ano, sabem o quanto andei, e quantas coisas a vida reservou a mim nesses últimos 12 meses. Comemorei 24 anos essa semana. Comemorei mais um aniversário. Celebrei a minha atual vida, hoje, já tão distante e diferente daquela registrada pelos textos que aqui foram escritos. 

Estou feliz em escrever aqui o quanto estou bem e cheio de projetos. Fiquei um tempo afastado desse espaço que amo tanto, o meu Blog, mas estou retomando.
Hoje, utilizo aqui para anunciar e promover meu novo projeto,#NaArara uma loja virtual com roupas e acessórios femininos, onde vendo não só produtos lindos e de boa qualidade, mas também a praticidade e segurança de ter a compra entregue na porta da sua casa.

Eu peço a vocês que abram o site, que visitem, não só pelo ato da compra, mas sim de prestigiar um trabalho que está me dando tanto prazer. Conto com esse carinho.

E logo estarei por aqui escrevendo mais pensamentos de um jovem em pleno amadurecimento.



Clica na imagem ou aqui mesmo no link e visita :)

www.naarara.com.br



30 de set. de 2014

Reta final

Minha estadia em Roraima está na reta final. E eu ainda não consigo pensar em como vai ser a minha vida depois dessa experiência. É quase impossível imaginar os meus dias sem essa rotina (que de rotina mesmo, não tem nada). Já sinto uma falta e uma saudade antecipada da vida que ganhei aqui, a mais de 6 mil quilômetros de casa.






Faz pouco mais de dois meses que estou aqui, mas acreditem, a convivência diária e intensa com as pessoas que conheci nessa terra, fazem eu ter a sensação que foram anos, daqueles marcantes e únicos. Ainda não consigo fechar a minha mala, empilhar as roupas que usei aqui, muito menos pensar nos abraços apertados que vão fazer parte da despedida no aeroporto.




Porto alegre está lá, com toda minha família e a rede acolhedora de amigos que me aguardam cheios de saudade e carinho. Posso adiantar que estou voltando com o mesmo amor e uma vontade enorme de ficar perto de todos, mas volto mudado, sem dúvida. Voltarei um pouquinho maior, isso graças às pessoas que encontrei aqui, com suas histórias de vida, com os aprendizados, troca de conhecimento e vivências.

Mesmo se eu tentasse passar através do meu texto ou até mesmo da minha fala as coisas que senti aqui em Boa Vista ao lado dessa "galera" tenho certeza, posso rodar o mundo mas não vou achar nada igual. É indescritível. As milhares de fotos e gravações estão aí para alimentar nossa memória e não deixar a gente esquecer nunca o que foi esse tempo juntos.






Esse texto não é uma despedida. É apenas eu mesmo tentando entender que realmente coisas boas um dia findam. Por maiores e mais lindas que sejam, uma hora temos que nos despedir e continuar a caminhada. Maiores, com a alma mais brilhante, entupidos de novas histórias e com uma "puta" vontade de se ver de novo.

                                                         Eu amo vocês!

12 de set. de 2014

Medos e piras

O que mais procuramos (mesmo que inconscientemente) são motivos para nos preocupar, principalmente quando tudo está muito bem, obrigado. Temos o dom de sabotar nossa tranquilidade e felicidade por falsas ou futuras preocupações. Gastamos muita energia nesse negócio, e o motivo é filosófico demais para relatar aqui. 

Só precisamos perceber se não passamos mais tempo com a testa enrugada do que sorrindo. Eu não tenho dúvida que consigo lidar bem com isso. Meus medos e "piras", frustrações e anseios raramente passam na frente da minha felicidade. Consigo ser o reflexivo, atucanado pelo futuro, chateado pelas falhas atuais, mas feliz por natureza. 


Ainda posso fechar os olhos e sentir a satisfação do meu principal combustível: a liberdade. Liberdade de ser sozinho, sem precisar necessariamente estar sozinho, ter o meu próprio tempo e espaço (coisa que todo mundo acaba necessitando em algum momento).

Quando um sentimento ruim se torna muito presente, trato logo de lembrar o quanto toda essa liberdade pode me proporcionar. A imensidão de possibilidades e caminhos que o fato de não estar preso por alguma situação ou alguém, me permite vivenciar. Entendo melhor a felicidade, e dissolvo as tristezas passageiras com todas as viagens que pretendo fazer, com as madrugadas rodeado de amigos, com os novos lugares e pessoas que invadem nosso caminho a cada parada. Lidando apenas com as surpresas de uma vida intensa. Intensa e feliz.

8 de set. de 2014

Por trás da palavra

Um provérbio chama minha atenção e se torna claro feito água: "Porque, como ele pensa consigo mesmo, assim é; ele te diz: Come e bebe; mas o seu coração não está contigo"
A Bíblia traz essa reflexão, mas não precisamos abri-la para entender  o que esse provérbio quer passar. A vida trata de fazer você entender na pratica. Não se pode acreditar e dizer amém para todas as coisas que são ditas, nem mesmo por aquelas pessoas que parecem tão integras e cheias de bons princípios, aliás, na maioria das vezes são elas que mais faltam com a verdade, por estarem escondidas atrás do medo de se mostrarem, de simplesmente serem quem são.
 
Deixar levar por palavras bonitas e imaginação fértil nunca levou ninguém a lugar nenhum. Precisamos de tempo e provas para confiar em alguém, e mesmo assim nem sempre dá certo.

Temos que contar com a sinceridade de quem nos cerca, daqueles que entram em nossas vidas, mas não podemos ser bobos.


Sempre vai existir quem nos faça desacreditar no ser humano e nas boas atitudes, aquele que utiliza de palavras e afagos para manipular, para deixar tudo confortável e benéfico para si. Então por favor, não vamos fazer campanha para a boa moral de fulano, a honestidade de ciclano. Todos tem seus segredos e suas meias verdades, todos dissimulam e omitem quando se sentem ameaçados, quando acham necessário, ou apenas por falta de caráter mesmo. Gestos e palavras líricas não podem ser motivo para colocar a mão no fogo por ninguém.

1 de set. de 2014

Muda o rumo



Foge daí. Sai correndo. Abandona essa zona de conforto. É óbvio que tudo parece difícil agora, que parece impossível simplesmente levantar e bater a porta, deixar tudo para trás. Somos engolidos e manipulados pela mesmice, pela rotina, pelo "melhor não", ou pelo "deixa assim". Não, não deixa assim coisa nenhuma. Bate a porta. Muda. Sai daí.

Vou ser piegas agora, mas, não dá pra passar a vida toda achando que está feliz com o que tem, se não experimentar todo o resto.
Esses dias leram a minha mão (independente da sua crença, ou do que você acredita, é sempre bom ter uma breve ideia do seu destino) e fiquei feliz em saber que viverei muito e que terei muitos amores, até encontrar aquele que vai permanecer. Prefiro assim, muitos amores, muitas vivências.

Amores vencidos, trabalho sem satisfação, a cidade e a casa que já não combinam com você, e para quê tudo isso?! Para o tempo passar, e em uma tarde nublada você se perguntar: o que eu tô fazendo aqui? É melhor fugir dessa tarde, não demorar para se dar conta.

Acredito no que dizem, que nunca é tarde para mudar, para virar o jogo, mas, também acredito na pressa pela felicidade, pela paz de espirito que as boas escolhas nos trazem. Pelo sossego que o amor (ou amores) certo nos proporciona. Aquele prazer que um bom trabalho causa. A liberdade que uma nova moradia, em uma outra cidade pode gerar. Enfim, todos os benefícios que sair da tal zona de conforto produz.

28 de ago. de 2014

Para a saudade

Acabei de desligar o Skype, encerrar a ligação que fiz com minha amiga Marcela, minha mãe e minha irmã, sem contar o meu afilhado que ainda está dentro da barriga da mana, crescendo e se preparando para embarcar nessa família. Consegui através da tela estar mais perto delas, "participar" de um jantar. Jantar esse que acontece muito longe daqui, inclusive com uma hora de diferença entre nós.

Vejo pelo computador a nossa sala, nosso sofá, até a porta do meu quarto, coisas tão comuns a mim, mas que agora, daqui, se tornam distantes. Observo com atenção a minha mãe se mexer, gesticular, também fico atento a minha irmã, que sorri, fala comigo, e acaricia a barriga, acaricia o meu afilhado. A marcela está lá, com a mesma risada estrondosa, que chama atenção e enche o ambiente de amor.

Enxergo daqui do meu quarto de hotel, as três agasalhadas, com frio, e eu aqui de manga curta e ar condicionado ligado. Enfim, diferenças geradas pela distância. A única coisa que não muda é o amor, e junto com ele a saudade, que apertou meu peito assim que cliquei em "finalizar chamada". 

Nossa, que coisa mais doída que é isso. Eu achei que já havia sentido saudade, na verdade acredito que já tenha sentido sim, mas não com essa intensidade.

Existem tantos tipos de saudade, aquela de pessoas que já faleceram e que não veremos mais, ou daquelas que estão vivas, mas, que também não veremos. Ou simplesmente essa saudade, a que dependemos do tempo para estar perto.

Confesso que irei dormir hoje com o coração um pouquinho mais apertado. É incrível ver elas, mas é impossível não querer um abraço apertado, um carinho de mãe, o beijo da minha irmã e aquele colo de amiga. Concluo o texto cheio de lágrimas nos olhos, mas consciente, que só se sente saudade de quem é realmente importante e crucial nas nossas vidas. 

Amo vocês.


26 de ago. de 2014

A verdade desse lado

Quando soube que iria viajar para Roraima, a primeira coisa que fiz foi abrir o nosso amigo Google e puxar toda a ficha desse lugar que tanto diziam ser o fim do mundo. Pesquisei comidas tipicas, bares e baladas, índice de violência, de atropelamento, de homicídio, até de natalidade... Entrei nas redes sociais de vários Roraimenses para olhar as fotos e descobrir como se vestiam, que aparência tinham, e se realmente ainda usavam penacho.



Embarquei
sabendo de todas aquelas informações que o Wikipédia "caga" em sua página, com todas aquelas estatísticas duras e impessoais que são geradas por quem conheceu a cidade apenas pelos livros e noticiários, sem ter a vivência do lugar.





Eles não usam penacho.
Aliás, até agora, vi tantos índios quanto vejo em Porto Alegre. Quanto ao índice de violência, ainda podemos dirigir na madrugada até uma praça bem iluminada, abrir as portas do carro, colocar um som e ficar de pernas pro ar olhando o céu e as milhares de estrelas. Falar nisso, não lembro de ter visto um céu tão lindo e gigantesco como aqui. Sobre as comidas tipicas: engordei quatro quilos.



Conheci gente feliz e hospitaleira, que sabe receber como poucos. Um povo gentil querendo mostrar as belezas de onde vive. 
Em se tratando de beleza, o Rio Branco e as cachoeiras próximas daqui falam por mim, falam por si. Trocar as grandes construções, os prédios enormes por toda essa paisagem só me fez bem, só me aproximou do aquietar de alma que eu tanto buscava.
















E é por tudo isso que esses mais de cinco mil quilômetros percorridos valeram a pena, sem dúvida, valeram. 

19 de ago. de 2014

6 mil km para se encontrar


Sem dúvida estou vivendo uma das experiências mais incríveis da minha vida. Estou a quase 6 mil km longe de casa. Estou em Roraima. Abandonei temporariamente Porto Alegre, e junto com isso a minha família, meu circulo de amigos, meu quarto, mas principalmente, minha rotina. Esvaziei as gavetas, dei espaço nos armários e embarquei no avião para uma viagem de 10 horas.



Faz exatamente dezenove dias que estou aqui, e nunca tinha vivido nada parecido. A intensidade das relações é o que mais me chama atenção, foi afastado de casa, que pude conhecer pessoas extremamente parecidas comigo, que falam a mesma língua e compartilham o mesmo sentimento, que me receberam de coração aberto em sua cidade e em suas vidas.


Experimento uma liberdade que sempre desejei sentir. Aquela liberdade de encher o peito de ar e se deliciar com o "agora", me encantar com uma cultura totalmente diferente da minha, conhecer pessoas, lugares, estar um pouco mais perto daquela natureza que extasia e consegue me deixar sem palavras (coisa que é difícil de acontecer). Estou encantado. Apaixonado!



Enquanto isso, o tempo passa. E é lógico que a saudade aumenta! A saudade da minha mãe, dos meus irmãos, dos amigos de sempre. Acreditem, mas a única coisa que neste momento faz as lágrimas virem é ouvir a voz da mulher que eu chamo de mãe, dizer por WhatsApp: "Não vou enviar áudio, porque tem dias que são mais difíceis. Te amo filho".




Eu sei que minha súbita ausência dói, ainda mais depois de tudo que passamos juntos, da alta convivência que tivemos, principalmente nesse último ano. Aqui também dói, aperta, mas alivia. Alivia, porque estou bem. Porque estou feliz. Porque encontrei aquela sensação de plenitude que eu vivia buscando em outras coisas.

Então, vou continuar minha caminhada. Continuar desfrutando o prazer que vem das nossas escolhas. Crescendo, amadurecendo, pra quando chegar vocês possam observar o quanto tudo isso me fez bem.

15 de jul. de 2014

No fim das contas


Estou muito feliz, e tenho certeza que tu também. Estou tranquilo, e não tenho dúvida que tu também está.



Estamos agora, cada um em seu caminho, fazendo milhões de coisas, coisas únicas, diferentes, e sei bem o quanto a gente gosta do novo, o quanto eu e tu gostamos da vida. A gente não tem sucesso em ser infeliz, não nascemos pra sorrir pouco. Temos a alma grande, o coração na mesma proporção, se não for ainda maior.
Ficamos juntos e inteiros até o momento em que conseguimos ser tudo isso. Uma hora parou de funcionar, travou. O sorriso travou. E isso é inaceitável para duas pessoas que só querem o que vida tem de melhor pra oferecer. Por isso estou aqui. E tu aí. Calados. Vivendo.


Sempre soubemos utilizar do tempo para aliviar as nossas dores, falo "nossas", mas quero me referir a dor individual, de cada um, aquela sentida antes mesmo dos nossos caminhos se cruzarem, aquela que foi obrigada a ir embora, sem a gente ter o ombro, ou o abraço, um do outro. Somos tão jovens, mas já passamos por perdas e provações, daquelas que a gente prefere nem falar em voz alta, ou simplesmente, nem falar.

Estou aqui. E tu está aí. 

O tempo me ajudou a estar aqui. Podendo escrever e pensar com clareza, sobre tudo que experimentamos e dividimos enquanto tínhamos uma relação. Quando o sorriso era solto e a gargalhada garantida. Acreditamos, e apostamos muito (só a gente sabe o quanto) naquele amor, recém nascido, frágil, mas que queríamos tanto.


Hoje, depois desse tempo, só consigo te desejar o melhor, gosto de estar aqui de longe torcendo pela tua felicidade. Vibrando com sinceridade pelas tuas conquistas. Conheço tua trajetória, e arrisco em dizer que conheço a maioria dos teus sonhos. Só consigo ter certeza que tu vai conquistar todos eles. Parabéns por ser quem é. E principalmente por ter embarcado na loucura que é a minha maneira de amar.

Repito... Estou muito feliz. E tenho certeza que tu também.

24 de jun. de 2014

Um ano para tudo mudar


Que vida mais maluca
. Em questão de um ano tudo pode acontecer, tudo muda. Sou um apaixonado pela vida, adoro observar a forma como ela caminha, como os fatos chegam e nós tomam. É incrível a capacidade que temos de adaptação, de administrar os problemas que caem em nosso colo, independente do tamanho que ele tenha.

Gosto de ver nosso instinto de sobrevivência, o quanto permanecemos de pé apesar das dores, seja ela qual for, a dor da perda, o fim de uma relação, a falta de saúde, ou simplesmente porque as coisas não saíram conforme planejamos.

Mudamos todo tempo, a cada dia que passa, os pensamentos mudam e os objetivos também, traçamos outras metas, trocamos a rota no meio do caminho, pelo simples fato de perceber que por ali não está dando. Estamos eternamente em transformação. Isso é fascinante.

Sempre compartilhei dessa ideia de que 12 meses é o suficiente para nossa vida virar de cabeça para baixo e começar a ser outra coisa. Mas, hoje tenho ainda mais certeza disso. Esse mês faz exatamente um ano que descobri o diagnostico de câncer, faz um ano que recebi a noticia que precisaria entrar em tratamento de quimioterapia para tentar combater essa doença.


E quando volto lá atrás, e tento revisitar toda aquela situação, percebo o quanto eu e a minha vida éramos diferentes, tenho dificuldade de acessar todas essas lembranças e de me colocar no lugar daquele Felipe, que precisou lidar com tudo aquilo, passar por tudo que passou, que passei, ou que passamos, é realmente confuso. Mas, quero dizer que as coisas realmente passam, somem, de tal modo que criamos um distanciamento tão grande do que vivenciamos que parece pertencer a outra vida.

Estou feliz hoje, na verdade estou muito feliz. Minha vida está organizada e eu estou vivo. 
Que os meses e anos continuem passando e fazendo tudo se modificar, ficar parado, estagnado é total perda de oportunidades, de felicidade.

26 de mai. de 2014

Paixão x Liberdade

Adoro estar apaixonado e entregue, envolvido por alguém, e com a cabeça ocupada por esse sentimento. Mas gosto ainda mais de estar sozinho, envolvido pelos acontecimentos da minha vida e com a cabeça e o coração "vazios". Eu tenho que confessar que amo as ligações de boa noite, as mensagens de bom dia, e aquela preocupação que ocupa o dia de quem ama. Só que me sinto absolutamente bem em não ter nada disso, ou de ter tudo isso, mas com outra ou outras pessoas, que não um amor.

Consigo ser feliz em um jantar a dois, ou de baixo das cobertas assistindo um filme de "conchinha", como consigo dançar até amanhecer em uma festa com amigos.

Sou o cara dedicado e atencioso, o que vai deixar um bilhete apaixonado antes de sair atrasado para o trabalho. Surpreender com alguma ação carinhosa que ninguém nunca pensou em fazer. Mas sei ser o cara que não vai ligar no outro dia, e que não vai fazer esforço nenhum pra fazer alguém tirar os pés do chão.




Posso sim me perder em uma paixão, ficar nesse barco remando, remando, para fazer com que prossiga e não afunde. E também posso simplesmente largar os remos, abandonar o barco no meio da madrugada sem ninguém perceber.


A paixão me fascina, desperta em mim o que eu tenho de melhor. A liberdade me deixa em êxtase, traz tudo que eu busco.


Eu quero casar, em uma tarde linda, rodeado de todos que amo e que acompanharam a minha história de amor.
Mas também quero fazer as malas e percorrer esse mundo sozinho, somente na minha companhia. 
Quero a rotina do dia a dia de um casal, que se ama e divide seus momentos, medos e alegrias.
Quero a não rotina de quem é sozinho, e pode entrar e sair quando quiser, sem explicações, quero simplesmente bater a porta quando eu achar melhor.


Eu sou um ótimo namorado. E consigo ser um solteiro melhor ainda.

Não faço ideia qual vai ser meu destino, se vou ter um álbum de casamento, ou de fotos dos meus mochilões, se no meu quarto vai ter duas luzes de cabeceira, ou apenas uma. Se vou dividir guarda-roupa ou não, na verdade, nem sei se quero um guarda-roupa.


Eu só sei de uma coisa... Que posso ser extremamente feliz dos dois jeitos!

14 de mai. de 2014

O apartamento acima

Apartamento 301 - Terça-feira (2h57min da madrugada)

Verônica

Madrugada. O cinzeiro já estava cheio de cigarros apagados, exceto por um que continuava aceso, mantendo a sala em uma penumbra. Em uma das mãos de Verônica uma taça de vinho, a quinta que ela tomava em menos de meia hora. Essa noite ela optou por não jantar, na verdade sequer almoçou, comida era tudo que Verônica não havia pensado hoje. Em sua outra mão estava o celular, onde a cada dois minutos colocava a sua senha de desbloqueio e conferia seu WhatsApp, verificando sempre o último horário que seu contato chamado "Amor" havia visualizado suas diversas e extensas mensagens.
A dor que aquele silêncio causava, conseguia ser maior que a dor que a última discussão havia deixado. Fim de relacionamento, cobranças, perguntas sem respostas, desconfiança, vontade de ficar, vontade de ir embora, querer que aquilo dê certo, mas, rezar para acabar. Ruim com ele, pior sem ele.
Tudo naquele apartamento estava pesado, a madrugada iria ser longa, mais carteiras de cigarro seriam abertas, e outras garrafas de vinho terminariam.

Apartamento 304 - Terça-feira (3h15min da madrugada)

Daniel

Apesar da noite estar super fria, a janela do quarto de Daniel estava escancarada, o quarto estava quente. Na cama, ele e sua namorada descansavam, depois de terem feito sexo. Os dois pegavam fogo quando estavam juntos, quando simplesmente se tocavam, se olhavam. Era uma mistura de amor, paixão e tesão que vinha dando certo a exatamente um ano. Eles estavam comemorando a data, e sentiam uma felicidade que parecia que nunca iria acabar, o tipo de momento feliz que poderia ser eternizado ou "congelado".

Apartamento 402 - Terça-feira (4h10min da madrugada)

Lúcia

Lúcia segurava a cabeça de seu filho enquanto ele vomitava muito, enquanto ele chorava dizendo que não aguentava mais aquele enjoo, aquele mal estar, era o segundo ciclo de quimioterapia dele, e as reações pioravam a cada dia. Ela colocou seu filho de volta na cama, e enquanto ficava ali ao seu lado, Lúcia rezava mentalmente. Implorava para Deus fazer tudo aquilo passar, implorava para que seu filho voltasse a ter a vida que sempre teve, saudável e feliz. Lúcia iria ficar acordada até o amanhecer, tomar um banho, deixar seu filho no hospital e ir trabalhar. Como? Nem ela sabia.



Apartamento 203 - Terça-feira (4h11min da madrugada)


Gustavo

Em frente a porta, Gustavo tentava encaixar a chave na fechadura, mas, seu corpo não deixava, ia pra trás e logo em seguida caia pra frente, tudo resultado das cinco tequilas e as incontáveis cervejas que ele passou as últimas horas bebendo. Gustavo gostava de comemorar, não importava ser uma terça-feira, ou ter que levantar dentro de três horas, pra ele todo dia, era dia. Ressacado, virado, nem isso tirava o sorriso do garoto.



Edifício - Terça-feira (8h00min da manhã)


Amanheceu. Amanheceu para cada um deles. A madrugada chegou ao fim. Todos levantaram de suas camas, tomaram seus banhos, vestiram alguma roupa e saíram pra rua, foram trabalhar, para seus compromissos e suas vidas.
Quem via Verônica caminhando pelo bairro não imaginava a noite de cão que ela havia tido, ninguém diria que ela estava sofrendo, e muito menos que sua cabeça não parava de latejar. As pessoas que repararam em Lúcia subindo no seu ônibus, nem desconfiaram da barra que ela vivia dentro de sua casa, quem ouvia ela agradecer o motorista não poderia acreditar que seu filho estava lutando com a morte. O sorriso na boca de Daniel e de Gustavo poderiam significar mil coisas, mas os verdadeiros motivos só eles sabiam.




Moral de tudo isso: Não Julgue, você nunca sabe o que se passa na casa ao lado, no apartamento acima. Acredite que tudo vai passar, tanto a angustia de Lúcia, o sofrimento de Verônica, e até mesmo a felicidade de Daniel e Gustavo. Tudo passa. Respire, e espere. Sempre amanhece, e a vida não para, até realmente parar.

5 de mai. de 2014

Senta aqui, quero te ouvir


Senta aqui e me conta a tua história. Sim, eu quero saber, e com todos os detalhes. Tenho gostado cada vez mais de ouvir, de prestar atenção enquanto tu fala, enquanto tu remexe em teus pensamentos, nas tuas lembranças, enquanto te vejo buscando as melhores palavras para descrever uma situação, um momento da tua vida. A tua vida me interessa, tem me interessado cada vez mais, estou gostando de entrar no teu mundo, mais do que isso, estou gostando de entrar em um outro mundo, que não o meu. Está sendo bom trocar vivências, trocar conhecimento e um pouco de experiência. Tenho um monte de coisas pra contar, e se tu deixar eu falar eu vou até amanhã de manhã, então primeiro quero apenas te ouvir. É sério, pode falar.


Sei lá, me conta tudo. Quero saber da tua infância, do nome da tua mãe, do teu pai, se tu tem muitos irmãos ou é aquele filho único mimado, pode me dizer se tu apanhava muito, ou se nunca levou nem um "tapinha". Gosto de te ver com essa cara, de quem se diverte enquanto lembra a vez que fugiu de casa, ou que ficou até tarde brincando na rua, e depois "enforcou" o banho, sentando no vaso com o chuveiro ligado, só pra tua mãe acreditar que tu ia dormir limpinho. Adoro essa risada que tu dá no final das tuas histórias, e fico torcendo sempre pra ser alguma coisa muito engraçada, só pra ver tu colocar a cabeça pra trás enquanto solta a tua risada pausada. Eu to realmente gostando de te ouvir. Vai, estou curioso, me diz o que tu gosta de comer, qual teu signo, o que tu prefere fazer em um domingo, se tu acorda de mal humor, ou se é daqueles que já acorda colocando música, quais são os teus sonhos e objetivos, se tem medo de muita coisa, ou se nem sabe o que significa ter medo. 

Tuas narrativas me fazem bem.
Despertam algo bom, gosto de entender o caminho de uma outra pessoa, fico encantado quando percebo que temos opiniões tão diferentes sobre uma mesma coisa, gosto de defender a minha visão, a maneira e o porque vejo dessa forma, mas, gosto mais ainda quando tu defende a tua, volta e meia se levantando e sentando por cima das pernas no sofá, sem deixar de falar, sem silenciar nem por um segundo. Entendo porque tu pensa da forma que pensa, pois até agora tu dividiu comigo muitas passagens da tua vida, não só me contou sobre os momentos felizes e inocentes da tua infância, mas também sobre tuas perdas, sobre aqueles momentos que tu achou que estava tudo perdido e muito difícil pra continuar. Eu consigo entender o motivo de tu ser assim hoje, teus caminhos justificam tuas atitudes, tu é quem é por tudo que viveu, por isso estou aqui mergulhando nos teus contos, nas tuas lembranças.



Pode tomar um copo d'água, a tua boca deve tá seca. E por favor, Senta aqui de novo, quero falar sobre mim, te importa da gente ir até amanha de manhã?

22 de abr. de 2014

Aquela felicidade


Somos felizes na mesa do bar, entre uma conversa e outra, entre um sorriso espontâneo e uma risada mais alta, somos felizes enquanto os amigos falam sem parar e sua mão está esticada pedindo a próxima cerveja, a próxima rodada, continuamos felizes quando o copo cai, quando a bebida vira, quando o mundo gira. Felicidade é estar em boa companhia, seja com seus amigos, seus familiares, seu namorado, ou seu "ficante". Felicidade é feita de momentos, tem começo, meio e fim, e justamente essa é a graça, estar feliz é estar no presente, no agora. Somos felizes quando estamos livres, quando temos liberdade, quando não precisamos cuidar a hora, quando não precisamos dar grandes explicações, quando podemos sair com um objetivo, com um caminho e acabar em outro, quando um jantar acaba em amanhecer, quando as coisas não tem hora para começar e nem terminar, quando esquecemos a existência de nossos celulares.

Felicidade é conhecer pessoas, é ouvir suas histórias, compartilhar momentos, é rir até a barriga doer, e beijar até boca cansar. Somos felizes quando passamos a madrugada acordados vendo filme, comendo besteiras, fazendo amor, ou apenas fazendo sexo. Felicidade é acordar e permanecer deitado. É um bom jantar, um bom restaurante. Somos felizes aos domingos quando sentamos na grama, enquanto o sol bate em nosso rosto, quando ficamos horas e horas sentados, de pés descalços, e que a única preocupação é se decidir entre a pipoca ou o churros. A felicidade toma conta quando estamos no meio de uma pista de dança, de frente pro DJ, em volta dos amigos, dançando como se ninguém tivesse vendo, batendo palma, e rindo, a felicidade está em todos vibrarem quando o DJ toca aquela música que todos sabem a letra ou a ridícula coreografia.
Estar feliz é estar aberto a todos os acontecimentos que a vida traz, e ela sempre traz, a cada novo ciclo que se inicia, cada vez que temos a coragem de encerrar algo que não estava tão bom, que já não funcionava, quando decidimos colocar ponto final em determinadas situações e pensamentos ruins, tudo começa a acontecer, novas pessoas começam a aparecer em sua vida, e começam a trazer coisas, a agregar, a somar e a gente vai crescendo, vai ficando maior, vai sorrindo, vai vivendo, vai dançando, vai ficando bonito, com a pele boa, com o sorriso largo, com o cabelo saudável, com o olhar renovado. 
Definitivamente felicidade é um estado, um momento, se ele vai durar alguns dias, alguns meses ou anos, isso vai depender de nós, do quanto estamos dispostos, do quanto estamos abertos. O que posso dizer hoje, agora, é que estou extremamente feliz, pois estou realizado, satisfeito com o que enxergo no espelho, e principalmente com o que sinto. Felicidade é estar consciente de si, é estar com a mente tranquila e sossegado com suas escolhas. Eu estou feliz por todos os pontos finais que coloquei em minha história, e completamente realizado com todos os novos parágrafos que abri. Somos felizes quando nos damos conta de que melhor do que contar a nossa história é escreve-la.
Ai ai, a felicidade...

8 de abr. de 2014

Combatendo o câncer


Hoje eu quero escrever pra você que também foi surpreendido com um diagnóstico de câncer, pra você que estava vivendo sua vida normalmente, correndo de um lado para outro, indo para o seu trabalho, vendo seus amigos, indo para um bar no final de semana, programando suas férias, sua viagem, sua ida ao cinema, ou a um restaurante. Escrevo pra você que acreditava ter tantos problemas, que ia dormir sem dar um abraço em quem ama por falta de tempo, ou que tinha deixado de rezar pelo mesmo motivo, ou só por as coisas estarem bem, normais, tranquilas. Escrevo pra você que como eu nunca imaginou ficar doente, nunca imaginou que em algum momento sua saúde iria falhar, que em algum dia da sua vida um médico lhe olharia pra dizer que você tem um câncer... Câncer? Câncer.

Eu entendo o que você sentiu, entendo o que passou na sua cabeça, entendo que você não acreditou, ou na verdade não queria acreditar, não dava pra acreditar que depois de passar por toda aquela sequência de médicos e exames tentando detectar o que havia de errado com seu corpo, o resultado seria esse; um câncer. Algo que sempre foi tão distante, uma doença que era abordada somente nas novelas, no cinema, ou na casa do vizinho, e que sempre causava tanto medo. Entendo que você não tenha chorado na hora, ou que tenha apenas enchido os olhos de lágrimas, mas também vou lhe entender se você abriu o "berreiro" ali mesmo, cada um tem sua forma de reagir, a hora da sua ficha cair. Eu só quero falar que eu juro que eu lhe entendo, eu conheço toda essa dor e esse medo maluco, que invade a nossa vida, que faz a gente acordar sobressaltado no meio da noite, que faz a gente chorar no travesseiro, que faz a gente rezar dia e noite. Eu sei que depois de assumir que você está com câncer ainda tem a parte mais difícil, que é o tratamento, que são as sessões de Quimioterapia que parecem não ter fim, que lhe deixam enjoado, extremamente enjoado, debilitado e fraco de uma maneira que você nunca imaginou. Lembro o quanto é duro você perder algumas capacidades básicas, como tomar um banho, caminhar até a cozinha ou conseguir comer uma refeição até o fim. Sei o quanto é complicado e dolorido depender dos outros de uma hora para outra, o quanto você enche o saco daquele hospital claro e impessoal, daquele jaleco branco, daquelas seringas que doem, que machucam seu braço, que te deixam com hematomas, daquela cadeira que com o passar das horas vai ficando inconfortável. Entendo tudo isso. Entendo que você quer sair correndo, e só parar de correr quando essa doença tiver ido embora, quando você estiver curado, quando você tiver a sua vida de volta, aquela vida que foi interrompida em algum momento. Poxa, você queria tanto ir ao cinema, tinha aquela viagem marcada, aquele jantar para ir, aquela festa para comemorar, e agora? E agora está aí dedicado e focado em apenas uma coisa: Sua cura, seu tratamento.
Eu sei que a luta não é fácil, e não é mesmo. Sei que as coisas pesam, e que em muitas noites desabamos no ombro de alguém, sei que parece que nunca vai passar, que está demorando demais. É muito exame, é muita medicação, é muito medo, é muito risco, é muita coisa em sua cabeça. Mas, eu também sei que você aprende, que você valoriza outras coisas em sua vida, que você ganha uma nova chance de fazer tudo diferente, eu sei que sua fé vai se fortalecer, que você vai encontrar uma força descomunal aí dentro, que nem sabia que existia, sei que você vai ser muito amado e acarinhado por seus familiares, por seus amigos, e até mesmo por desconhecidos, pois essa luta, essa causa é de todos, é mundial, é universal. Então por favor, não desanima, não se ache feio ou diminuído, pelo contrário, olhe pra você no espelho e veja que lindo guerreiro está sendo, que batalha bonita você está desbravando, lutando com uma flor na mão, com paz no coração. 
Esse texto é pra você que como eu se curou, ou que vai se curar. É pra você que acreditou, e acredita no final de todo esse tratamento. A cura existe, existe sim. E acreditem mas todos esse momentos ruins e desgastantes passam, ficam em seu passado, viram uma lição de vida, ensinamentos, se transformam em coragem, se transformam em vida. Viva. Viva intensamente e seja muito, muito feliz. Estamos com você!

31 de mar. de 2014

O Final


Esse texto é pra você que sempre se envolve demais em uma relação, que sempre fica submerso nessa "paixão", é pra você que é intenso demais, que faz de um novo amor sua grande loucura, sua prioridade, sua vida. Esse texto é pra você que ainda acha que um amor e uma cabana é melhor que ganhar na loteria, que acredita que pra ser feliz tem que ter uma pessoa ao lado, para você cuidar, para você amar e se dedicar. Esse texto é pra você que sempre quis viver uma linda história de amor, com começo, meio e de preferência sem fim, um amor daqueles de verdade, que te complete, que te entenda, que esteja do teu lado independente do problema que aparecer, o tipo de amor de cinema, onde o começo é complicado, mas o final é sempre incrível, em cima do altar de alguma igrejinha linda e discreta, no meio de uma tarde ensolarada, com todos que você ama a volta. Esse texto é somente pra você que fantasia um amor, que coloca todas as suas expectativas em cima daquela pessoa que te deu alguma atenção, alguns beijos quentes e alguns momentos de pura alegria. Estou escrevendo pra você que ainda não consegue se colocar em primeiro e em segundo lugar, que mergulha em uma relação como se nunca tivesse visto água antes, que sempre quando está vivendo um amor acaba entregando tudo para seu parceiro, suas pernas, seu tempo, sua atenção, seu dinheiro, sua comida, sua cama, sua alegria, seus planos, seus medos; enfim, absolutamente tudo que a outra pessoa vai pensar duas vezes em te dar, ou que simplesmente não vai conseguir te entregar, por que é diferente de você, por que já conseguiu fazer aquele excelente exercício do "primeiro eu, segundo eu, terceiro eu." 
Se esse texto realmente é pra você, está na hora de mudar. Não, você não precisa deixar de ser você, e nem perder o que tem de melhor, que é justamente essa entrega e essa paixão, que é esse sentimento que invade, que toma conta de tudo, que faz você tirar os pés do chão por alguns instantes, ou por meses. É preciso apenas dosar tudo isso, é preciso ter toda essa paixão primeiro por você mesmo, por suas qualidades, por sua vida e por quem sempre esteve com você de verdade. Aprenda a se priorizar, aprenda a não dividir suas pernas também, aprenda que seu tempo é seu, e que apesar de qualquer paixão você tem a sua própria vida. Aprenda de uma vez por todas que nem todas as pessoas estão dispostas a viver a mesma coisa que você, e que nem todo mundo é o grande Tim Maia que não queria dinheiro, só queria amar, amar, amar. Esse texto é pra você, que demorou para sair de uma relação, que está sem energia por ter tentado fazer aquilo dar certo, que não está com seu sorriso mais bonito por ter finalmente entendido que aquele amor, que aquela paixão chegou ao fim, como tudo um dia chega.
A grande verdade é que a vida não é um filme, onde em duas horas todas as coisas ruins acontecem, e as soluções também, onde sempre você acha a pessoa certa, a que vai passar todo o filme ao seu lado aos trancos e barrancos para no final vocês trocarem alianças, na vida real você pode passar muito tempo com aquele alguém, aos trancos e barrancos também, mas isso não vai ser garantia de um final feliz. Na vida as coisas não se resolvem em duas horas, na vida o grande amor normalmente muda, e a verdade é que as vezes o "personagem" que vai dizer "sim" no altar e fazer você viver seu sonho de amor nem está no script, nem no trailer apareceu. Então Keep Calm, e vai se amar.

27 de mar. de 2014

Um amor visto da janela


Da minha janela sempre pude observar aquele casal. Eles sempre me pareceram muito felizes. Eu enxergava da minha janela da sala, a sala deles e a cozinha do apartamento, da janela do meu quarto eu conseguia ver direitinho a cama deles, uma estante grande com livros e um pequeno criado-mudo onde em cima volta e meia tinham copos ou garrafas de aguá. Eu realmente gostava de olhar a maneira carinhosa que eles se tratavam, o olhar apaixonado que os dois se trocavam quase que tempo todo. Toda a semana eu via eles dentro da cozinha, enquanto um cozinhava o outro ficava pra lá e pra cá, as vezes arriscava cortar uma cebola, um tomate, ou até mesmo lavar uma louça ou outra. Eles costumavam ouvir música enquanto o jantar era feito, ou durante as tardes sentavam na sala para tomar um chimarrão, e não paravam de falar, só paravam para se beijar. Algumas vezes eu os encontrei no pátio do condomínio, cada um em uma cadeira, bem próximos um do outro, ás vezes comendo bolo, salgadinho, essas coisas que gente jovem e apaixonada comem. Eles estavam sempre sorrindo, brincando um com o outro, provocando, se instigando. 

No final de semana eu adorava ver eles se arrumando dentro do quarto, um mais bonito que o outro, eu acompanhava eles escolhendo a roupa, se perfumando, se olhando no espelho, tirando fotos juntos e se abraçando a cada 5 minutos. Depois disso eles saiam, provavelmente para dançar, para beber, na casa de alguma amiga, ou de um casal de amigos, ou poderiam estar saindo apenas para jantar juntos em algum lugar legal, em um restaurante bacana ou até mesmo em uma carrocinha de cachorro-quente. Eles pareciam não ter frescura nenhuma, era o tipo de casal que poderiam se hospedar em um hotel 5 estrelas ou dividir um colchão inflável furado por algumas noites. Eles eram parceiros um do outro, isso dava para ver de longe. Daqui da minha janela eu conseguia ver muitas coisas, eles eram muito diferentes um do outro, cada um tinha uma personalidade muito sua, e muito forte também. Um era muito carinhoso, mas o outro não ficava atrás, um era muito bravo, mas o outro conseguia desfazer isso rapidinho. Olhando aqui da janela, aqueles dois não tinham problemas, olhando aqui de cima aqueles dois tinham sido feitos um pro outro, eles eram felizes.
Eu nunca mais vi eles juntos. As janelas andaram fechadas por uma semana, e antes delas se fecharem eu consegui ouvir algumas discussões, consegui ver a porta fechar várias vezes, ficando sempre um dentro do apartamento e outro fora, indo embora. Um sumia pelo portão, e o outro no meio das cobertas da cama. De repente aquela cozinha ficou vazia, as panelas não saiam do lugar. O sofá da sala também ficou vazio, nunca mais eu ouvi a chaleira apitar avisando que a água do chimarrão havia fervido. As cadeiras que todo o fim de tarde enfeitavam o pátio, já estavam empoeiradas dentro daquele apartamento. No final de semana eu só enxergava um deles se arrumando, se perfumando, se olhando no espelho, o outro deveria estar fazendo a mesma coisa em algum outro lugar. Eu nunca mais vi eles juntos.
E eu também nunca mais olhei pela janela. 
Fiquei aqui pensando como são essas coisas. Como pode uma relação se acabar e ponto. Tenho certeza que eles devem saber os motivos, ou também não saibam direito. Tenho certeza que os dois são jovens o suficiente para ficarem bem, para não sentirem tanta dor, ou pelo menos não por tanto tempo. Acredito que logo eles consigam sorrir de novo, e estarem de coração aberto para as coisas que a vida vai tratar de colocar no lugar daquilo... Daquilo tudo que foi planejado um dia: dos lugares que iriam visitar, da casinha que iriam morar, da decoração das paredes, a cor do microondas, a frase do tapete da entrada, ou os nomes dos filhos, dos dois filhos, o jeito que iriam criar, educar, quem seria o Pai "babão", e o mandão. As profissões, vida e rotina que teriam juntos. A vida trata de colocar outras coisas no lugar de tantos planos, outros sonhos, quem sabe? Aqueles dois merecem muito ser felizes, cada um com sua essência, cada um com sua história, cada um com seu coração e sua forma de amar. Todos merecemos ser felizes.
Resolvi abrir minha janela e colocar flores bem bonitas, quem sabe assim eu não ajude aquele menino a sorrir. Quem sabe assim eu não possa ver os dois juntos, de novo.

19 de mar. de 2014

Faltou Força


Descobri o que está acontecendo, cheguei no motivo de tanta confusão, de tanta insatisfação, de tanta angústia e sentimentos ruins que andaram se tornando frequentes no último mês. Acreditem, mas quem está escrevendo agora esse texto é o mesmo cara que escreveu os outros 78 desse Blog, o mesmo garoto que passou por toda essa barra que é lutar contra um Câncer, que é lutar por sua sobrevivência. Hoje estou fraco e bastante perdido, e não estou fraco por ter passado por uma semana intensa de Quimioterapia, e muito menos perdido por não saber se vou conseguir vencer aquela doença. Eu já venci, eu já passei por todas aquelas semanas que não tinham fim e que me tiravam a força, que me faziam chorar no colo da minha mãe e implorar pra ela para que acabassem logo. Hoje estou fraco porque me perdi no caminho, porque fazem apenas 4 meses que meu tratamento terminou e eu achei que poderia ter uma vida normal, que era apenas levantar da cama, sair correndo e começar a viver, assim sem olhar para os lados, sem olhar para trás. Acabei me perdendo, tropeçando em diversos defeitos que a Quimioterapia não conseguiu eliminar, coisas muito minhas, muito pessoais, e que não seria o Câncer que iria levar embora. 

Sou um jovem muito feliz e realizado por ter passado pelo que eu passei, por ter conseguido a vitória que tanta gente busca, por ter vencido uma luta que muitos perdem, mas, sou apenas um jovem, e como o subtitulo do meu Blog lembra, eu sou um jovem amadurecendo, em processo. As coisas andaram bem feias por aqui, pesadas, acabei ficando sem saber lidar com uma porção de coisas, acabei chegando na insatisfação de perceber como a minha vida estava estruturada, ou melhor, de como ela não estava estruturada. Eu perdi minhas forças, perante a nada, perante motivo nenhum, e todos a minha volta (família, namorado e amigos) não entenderam nada, não me reconheceram em nada, não admitiram que uma pessoa que mostrou tamanha força em um problema tão grande, hoje esteja enlouquecido e destruído por coisas tão pequenas. Confesso, que também não admito, que também sinto decepção, também acreditei que depois de curado a minha vida ia dar uma alavancada, que eu ia ser uma outra pessoa, mas, me desculpem, não é bem assim.
Precisei de muita força, de muita mesmo para passar por todas aquelas sessões de Quimio, para aguentar mais de 6 horas diárias de medicamentos fortíssimos direto na veia, precisei de muita força para ver meu cabelo cair cada dia mais, para ver meu rosto se transformar em outro, precisei de mais força ainda quando as reações começavam, quando eu passava o dia inteiro enjoado, ou vomitando, sem conseguir comer, sem conseguir me secar depois do banho, usei toda essa força para conseguir vencer, para conseguir estar com a minha família e amigos no dia do meu aniversário, para conseguir pegar um sol no pátio. Enfim, o que eu quero dizer é que gastei muita energia nisso tudo, gastei toda essa força para estar vivo hoje, então é claro que assim que levantei da cama após curado eu tropecei, eu cai, eu fraquejei, eu fiquei sem saber pra onde ir, pois eu estou fraco, ainda estou debilitado e processando tudo que eu passei, por mais que não pensasse mais nisso, que agisse como alguém que superou, só agora essa verdade bateu em mim, e é óbvio que não tenho energia para fazer um relacionamento dar certo, ou para traçar mil metas e conquistar todos os meus objetivos, ou para acabar com os meus velhos defeitos e colocar em prática tudo aquilo que aprendi com a doença. Calma. Calmem.

Eu preciso respirar, preciso me encontrar novamente, preciso criar uma nova força, para começar a construir a minha vida, para me tornar uma pessoa melhor e mais evoluída, minha bagagem está toda aqui comigo, eu tenho certeza disso, eu só preciso tirar tudo de dentro da mala, e começar de novo. E é exatamente isso que estou fazendo hoje, voltando para o meu Blog, que é a minha grande realização, voltando a me entender melhor, voltando a respirar mais aliviado, e principalmente indo em busca de uma ajuda psicológica, de um profissional que me ajude a entender os mil pensamentos de um jovem amadurecendo.
Desculpa a quem decepcionei, mas á vocês só posso pedir paciência, e garantir que logo, logo uma pessoa melhor e menos "verde" está chegando por aí.

27 de fev. de 2014

A Gaiola


Andei bem afastado eu sei. Pra ser sincero com vocês e comigo mesmo, andei bem afastado de mim, ou pelo menos do cara que eu imaginava me tornar. Depois da cura do meu Câncer, depois de seis meses trancado em casa, eu novamente pude sair para a vida, e acredito que desejei tanto sair, que saí rápido demais, com tanta sede por viver que acabei tropeçando em velhos defeitos, acabei atropelando algumas lições básicas que aprendi com essa doença.
Continuo graças a Deus curado, minhas sobrancelhas voltaram tão espessas e pretas como antes, meus cílios já estão longos e curvados, minha barba tenho que fazer toda semana, e o meu cabelo esta crescendo bastante e só agora começou a enrolar, exatamente como os meus pensamentos. Passei por bastante coisa, coisas que vocês acompanharam junto comigo aqui pelo Blog, passei por tudo isso, fui fundo a procura da minha força, da minha fé e da minha coragem, e hoje fico surpreso ao reparar que em alguns momentos eu consiga esquecer disso tudo. Posso confidenciar pra vocês que não é fácil mudar totalmente, não é fácil amadurecer do dia para a noite, arrancar aqueles defeitos que levamos a tanto tempo junto de nós. Eu realmente acreditei que passar por essa doença e por todo esse processo dolorido iria me transformar completamente em uma outra pessoa, mas, não funciona exatamente assim, tudo é um trabalho, é um dia depois do outro, são fichas que vão caindo aos poucos, conforme as situações vão aparecendo. É um trabalho diário, de mudança e de amadurecimento, percebi que eu estou todo dia dando Adeus, ao meu verde, é um eterno processo. 
Andei afastado do Blog pois fui viver o que a vida me apresentava, receber um novo amor em nossa vida requer um tempo de dedicação, como receber um hóspede, temos que gastar algum tempo dando uma geral na casa, e sendo atencioso a essa nova pessoa. E acredito que dando essa geral na casa, acabei esbarrando em muita coisa que precisava ser mudada, trocada ou simplesmente ir fora, pois não tem mais utilidade alguma. Estou cheio de coisas na cabeça e pensamentos que fervilham, pois sou um cara inquieto mesmo, que está sempre escarafunchando em suas opções e encarando seus medos, suas travas. Estou sempre procurando me entender, tentando entender meus sentimentos. 
Agora estou aqui novamente, buscando o que tenho de melhor, tentando mais uma vez resgatar tudo que aprendi ao longo dos últimos meses, acreditando que sou capaz sim de mudar coisas que parecem tão difíceis, estou disposto a peitar qualquer decisão que eu tenha que tomar, em nome da minha felicidade, em nome da minha paz. Sinto que minhas asas cresceram e que não posso mais continuar nessa pequena gaiola, ela já está velha e apertada demais. Preciso me soltar, e voar. Ser uma pessoa melhor.

13 de fev. de 2014

Motivos para se apaixonar


Não tem como entender. Não existe receita ou fórmula mágica, não existe um caminho certo a se percorrer quando se trata de amor, quando se trata de paixão. Estar envolvido, apaixonado ou amando é assim mesmo, um tiro no escuro, um caminhar sem enxergar. Os apaixonados se enchem de certezas e ao mesmo tempo de dúvidas, os apaixonados se jogam mas ao mesmo tempo seguram firme em seus medos e receios. Os apaixonados nem mesmo sabem exatamente porque estão apaixonados. Eles só sabem que estão. Estão envolvidos, enrolados e enrascados, "ferrados" por esse sentimento tão maluco que é a paixão. Fulano pode ser a pessoa mais centrada e correta do mundo, mas se um dia ele acordar e perceber que está apaixonado por aquela pessoa que até então ele via esporadicamente, que gostava de sair e conversar, e dar uns beijos sem compromisso no fim da tarde ou no meio da noite, aí tudo muda, não existe mais a pessoa centrada e correta, existe apenas uma pessoa entregue e disposta a tudo.
Ninguém sabe dizer só um motivo pelo qual se apaixonou, justamente por nunca ser só um. Paixão envolve diversos motivos para acontecer. Se me perguntassem porque me apaixonei, eu diria o seguinte: Eu me apaixonei pelo olhar, pela forma que me olha, que me instiga, por aquele olhar inquietante de quem quer ver além do meu rosto. Apaixonei pela maneira de falar, pela maneira de me interromper, o jeito de cantar, o jeito de me beijar, pelo sorriso no fim do beijo, pelo sorriso no meio do beijo. Eu me apaixonei pela história de vida, por tudo que passou, mas, principalmente pelo que deseja passar. A paixão aconteceu no meio das conversas, entre uma cerveja e outra, entre um suspiro e uma pausa, entre uma coisa em comum e uma diferença gritante. Esse sentimento cresceu enquanto eu aguardava a resposta de uma mensagem, enquanto pensava no que responder, cresceu conforme a madrugada ia chegando e o nosso assunto não tinha fim. A paixão aconteceu enquanto a gente dividia a cama, quando mesmo dormindo me abraçava forte e me puxava pra perto. Eu me apaixonei pela manhã, quando via acordar, com aquela cara amassada e aquele "bafinho" matinal, pela maneira que pulava da cama, que preparava o chimarrão, o café ou um sanduíche.
A "paixonite" aumentava a cada discussão, a cada briga pelo meu ciúmes, pelo teu ciúmes. Cada vez que surgia os medos, as incertezas, as dúvidas, todas aquelas coisas que rodeiam a cabeça de quem está muito feliz, por isso os problemas eram inventados, para gente poder gritar, sacudir, esmurrar uma almofada, só pra provar para nós mesmos o quanto a gente se ama, se gosta e se cuida. Eu me apaixonei pelo banho de piscina; pela noite na casa da amiga; por uma mensagem no meio da tarde; por ter cortado cebola enquanto você preparava a massa; pelo jeito que nos atiramos no sofá, na cama; ou por aquela festa que bebemos juntos e depois voltamos de pés descalços e mãos dadas pela rua. Apaixonei pelo fato de eu poder ser eu mesmo, sem máscaras, sem fingir ou ter que fazer joguinhos.

A gente se apaixona quando tem que ser, quando os astros abençoam, quando os anjos dizem amém, quando o universo conspira a favor, quando os dois querem e lutam pela mesma coisa. Estar apaixonado é estar na beira de um penhasco fazendo um piquenique, uma mistura de bem estar e medo, de alegria e receio, é um prazer perigoso. É lindo quando encontramos alguém disposto a viver essa loucura, quando encontramos a pessoa que vai sentar na sua toalhinha xadrez, abrir a cesta de frutas e admirar ao seu lado toda a imensidão daquele penhasco apavorante, mas, com a certeza que está em um paraíso. 

31 de jan. de 2014

Começo/Fim do meu Câncer


A vida é mesmo engraçada e perfeita. Semana passada fui chamado para dar uma entrevista no Blog do Câncer, onde eles queriam fazer uma reportagem sobre a minha visão da doença, sobre minha experiência nessa luta contra o Câncer, prontamente atendi o pedido. Enquanto eu respondia às perguntas ia me lembrando de todo aquele processo, por tudo que vivenciei naquele hospital e em casa após as bravas sessões de Quimioterapia, lembrei de cada detalhe, de todos os choros, de todas as noites acordadas e de toda a força que precisei ter.
Hoje me sinto muito distante daquilo tudo que vivi, apesar de fazerem apenas 3 meses que se encerrou, tenho a sensação que foi em uma outra vida, como se fosse uma grande "aspas" na minha história, uma parada obrigatória. Ao final da entrevista eles solicitaram que eu enviasse algumas fotos que marcaram meu tratamento, fotos que tiveram algum significado durante essa doença, então eu resolvi abrir meu Álbum do Facebook e rever todas as fotos que tirei ao longo do tratamento, e foi nessa hora que a minha ficha caiu de verdade, chorei muito, muito mesmo ao ver aquele Felipe tão debilitado, ao reler todas aquelas mensagens de força, de fé, que me ajudavam a fechar os olhos e acreditar que todo aquele pesadelo iria passar, que por mais sofrimento que estivesse passando, um dia, longe ou não, um dia iria acabar.
Chorei muito quando encarei a primeira foto que tirei após raspar os cabelos (essa que ilustra o texto), pois lembrei daquele dia, onde eu me sentia frágil, com medo e esquisito com o novo visual, lembro a sensação que postar aquela foto me causou, era como se eu estivesse dando a certeza a todos (e a mim mesmo) que aquela batalha contra o Câncer havia realmente começado. Lembro de não aguentar mais meu cabelo caindo no banho, nos travesseiros, na minha mão, ou onde eu apenas encostava a cabeça, lembro que era de tarde e que eu estava sozinho em casa, lembro que sem pensar muito peguei minha carteira e fui até um "salãozinho" de beleza bem próximo e bem pequeno aqui do lado de casa, daqueles que a última coisa que a dona da "peça alugada" sabe fazer é cortar cabelo, mas, não tinha problema, dessa vez eu não queria um corte moderno de cabelo, eu apenas sentei na cadeira dela e disse: "É pra raspar, passar zero" e a tal senhora, dona do salão me responde o seguinte: "Vocês homens são assim, né? é só dar um calorzinho na semana que já querem raspar o cabelo", eu apenas sorri e fechei os olhos. Vim correndo pra casa, caminhando de cabeça baixa na rua, com vergonha, me sentindo um ET, cheguei no meu quarto e parei na frente do espelho por longos minutos, chorando muito por finalmente ter me dado conta que eu estava doente. Lembro do rosto da minha Mãe quando me viu assim, tentando parecer natural e sorrindo pra mim, dizendo que eu fiquei um "gato", mas, os olhos dela confidenciavam a mesma certeza que eu tive: A luta estava só começando.

Todo o resto vocês acompanharam aqui no Blog, as sessões de Quimioterapia, meus relatos sobre os enjoos e sobre meus medos, sobre meus sonhos e minhas vontades, sobre minha força e minha fé, dividi tudo aqui nesse espaço, com a esperança de ficar mais forte, com a esperança de tirar grandes aprendizados disso tudo. E hoje observo tudo isso, e escrevo sobre, com um coração tranquilo, de quem conseguiu, de quem venceu. Digo que a vida é engraçada e perfeita, pois justamente hoje que eu recebo a noticia do meu Oncologista que estou realmente bem e curado, que ouço ele me dizer "VIDA NORMAL AGORA", é o dia que a reportagem que participei no Blog do Câncer sai, como se fosse Deus me mostrando que realmente estou fechando um ciclo na minha vida. 
Estou emocionado e muito, muito feliz. Obrigado.

Leiam a matéria do Blog do Câncer, fui muito sincero em minhas respostas e a entrevista ficou linda:

http://blogdocancer.com.br/felipe-mendes-sobre-sonhos-lutas-e-conquistas/