f Adeus, verde.: fevereiro 2015

9 de fev. de 2015

Reparos


Reparo em silêncio e apenas comento em voz baixa sobre as sutis mudanças que aconteceram em mim. E digo sobre mudanças internas, perdi nesse último trecho da caminhada alguns sentimentos e manias que sempre me acompanharam e que por muito tempo usei para definir minhas principais características. Não perdi a personalidade, mas dei uma boa recauchutada.

Nunca fiz questão de esconder a minha intensidade perante as coisas da vida, mas, principalmente perante a uma possibilidade de amar. Todos os amigos (principalmente eles), família e até o porteiro do meu prédio sabem da minha fama de passional, do quanto o Felipe se entrega e ama até se doer inteiro, o quanto sou feliz (e o quanto sofro) vivendo e experimentando esse mundo a dois, a cada nova paixão.

E agora como vou explicar para os meus amigos que não sou mais esse cara? que depois de anos colocando o amor no alto da minha lista de prioridades (AMOR grifado e com asteriscos do lado) hoje simplesmente ele se encontra bem embaixo da folha, que a saúde, o dinheiro e o trabalho são os grifados da vez. A tal intensidade despencou, emagreceu, perdeu a graça.

Estou mais sóbrio agora, depois dessa grande festa das escolhas erradas, desse eterno open bar de amores fracos, de amar por amar.

Não sei o que lhe parece esse texto, mas não pense que é a escrita de alguém desiludido ou recalcado. Pelo contrário. Continuo aqui cheio de amor, e amaria quantas vezes mais fossem necessárias, apenas me encontro lúcido diante dos meus sentimentos.

Reparo em silêncio a leveza do que me cerca agora, das coisas que não possuo mais, que simplesmente se desprenderam de mim, ficaram no tempo e nas lembranças.