f Adeus, verde.: janeiro 2014

31 de jan. de 2014

Começo/Fim do meu Câncer


A vida é mesmo engraçada e perfeita. Semana passada fui chamado para dar uma entrevista no Blog do Câncer, onde eles queriam fazer uma reportagem sobre a minha visão da doença, sobre minha experiência nessa luta contra o Câncer, prontamente atendi o pedido. Enquanto eu respondia às perguntas ia me lembrando de todo aquele processo, por tudo que vivenciei naquele hospital e em casa após as bravas sessões de Quimioterapia, lembrei de cada detalhe, de todos os choros, de todas as noites acordadas e de toda a força que precisei ter.
Hoje me sinto muito distante daquilo tudo que vivi, apesar de fazerem apenas 3 meses que se encerrou, tenho a sensação que foi em uma outra vida, como se fosse uma grande "aspas" na minha história, uma parada obrigatória. Ao final da entrevista eles solicitaram que eu enviasse algumas fotos que marcaram meu tratamento, fotos que tiveram algum significado durante essa doença, então eu resolvi abrir meu Álbum do Facebook e rever todas as fotos que tirei ao longo do tratamento, e foi nessa hora que a minha ficha caiu de verdade, chorei muito, muito mesmo ao ver aquele Felipe tão debilitado, ao reler todas aquelas mensagens de força, de fé, que me ajudavam a fechar os olhos e acreditar que todo aquele pesadelo iria passar, que por mais sofrimento que estivesse passando, um dia, longe ou não, um dia iria acabar.
Chorei muito quando encarei a primeira foto que tirei após raspar os cabelos (essa que ilustra o texto), pois lembrei daquele dia, onde eu me sentia frágil, com medo e esquisito com o novo visual, lembro a sensação que postar aquela foto me causou, era como se eu estivesse dando a certeza a todos (e a mim mesmo) que aquela batalha contra o Câncer havia realmente começado. Lembro de não aguentar mais meu cabelo caindo no banho, nos travesseiros, na minha mão, ou onde eu apenas encostava a cabeça, lembro que era de tarde e que eu estava sozinho em casa, lembro que sem pensar muito peguei minha carteira e fui até um "salãozinho" de beleza bem próximo e bem pequeno aqui do lado de casa, daqueles que a última coisa que a dona da "peça alugada" sabe fazer é cortar cabelo, mas, não tinha problema, dessa vez eu não queria um corte moderno de cabelo, eu apenas sentei na cadeira dela e disse: "É pra raspar, passar zero" e a tal senhora, dona do salão me responde o seguinte: "Vocês homens são assim, né? é só dar um calorzinho na semana que já querem raspar o cabelo", eu apenas sorri e fechei os olhos. Vim correndo pra casa, caminhando de cabeça baixa na rua, com vergonha, me sentindo um ET, cheguei no meu quarto e parei na frente do espelho por longos minutos, chorando muito por finalmente ter me dado conta que eu estava doente. Lembro do rosto da minha Mãe quando me viu assim, tentando parecer natural e sorrindo pra mim, dizendo que eu fiquei um "gato", mas, os olhos dela confidenciavam a mesma certeza que eu tive: A luta estava só começando.

Todo o resto vocês acompanharam aqui no Blog, as sessões de Quimioterapia, meus relatos sobre os enjoos e sobre meus medos, sobre meus sonhos e minhas vontades, sobre minha força e minha fé, dividi tudo aqui nesse espaço, com a esperança de ficar mais forte, com a esperança de tirar grandes aprendizados disso tudo. E hoje observo tudo isso, e escrevo sobre, com um coração tranquilo, de quem conseguiu, de quem venceu. Digo que a vida é engraçada e perfeita, pois justamente hoje que eu recebo a noticia do meu Oncologista que estou realmente bem e curado, que ouço ele me dizer "VIDA NORMAL AGORA", é o dia que a reportagem que participei no Blog do Câncer sai, como se fosse Deus me mostrando que realmente estou fechando um ciclo na minha vida. 
Estou emocionado e muito, muito feliz. Obrigado.

Leiam a matéria do Blog do Câncer, fui muito sincero em minhas respostas e a entrevista ficou linda:

http://blogdocancer.com.br/felipe-mendes-sobre-sonhos-lutas-e-conquistas/

23 de jan. de 2014

Gato escaldado pode amar


"Gato escaldado tem medo de água fria". Essa é uma boa e sincera expressão. Somos assim: se você passou por algum acidente de carro grave, certamente vai demorar algum tempo para voltar a entrar em um veiculo; se passou um suador no avião que tremeu e tremeu até as máscaras de ar caírem na sua frente, com certeza vai ficar longe dos aeroportos por bastante tempo; se as águas do mar já lhe tiraram alguém importante certamente você vai ter cautela ao brincar nas ondas; se aquela maionese do boteco fez um estrago na sua flora intestinal sem dúvida você vai esquecer que existem maioneses em botecos. Somos assim, e com o amor não poderia ser diferente. Se alguém quebrou tua confiança alguma vez, pronto, vai ser difícil você confiar em outro alguém; se alguém fez promessas que não foram cumpridas você passa a querer mais que somente palavras; se alguém lhe omitiu muitas coisas você vai começar a buscar a mais pura transparência possível. Fim de relacionamento é acidente de carro, é tremor no avião, é afogamento, e maionese podre. Fim de relacionamento sempre deixa feridos, sangra, dói e fica marcas. É assim com todo mundo, não existe como fechar a porta sem chorar, sem sentir um vazio, e sem se perguntar "porque?" ainda mais quando esse final consegue ser mais turbulento que aquele avião, e nesse caso nem tem a opção "máscara de ar". Você precisa peitar sozinho, a começar por essa palavra: "sozinho", é teu estado/status agora, do dia para a noite você deixa de ser dois e se torna um, acredito que é essa mudança radical que faz tudo parecer pior do que realmente é. Fim de relacionamento faz você se esconder por algum tempo, faz você querer distância dos homens/mulheres, pelo menos por algum tempo. O mesmo processo que você faz após o acidente de carro é o que você faz após acabar a sua relação, você vai cuidar das feridas, vai avaliar os danos, vai fazer as ligações que precisa fazer, vai tentar dormir rezando para não lembrar daquele dia, e depois vai tratar dos traumas.
Dias e noites passam. Semanas passam. Meses. E, de repente até alguns anos. E, aí está você agora, entrando naquele aeroporto e pegando o primeiro voo rumo á sua felicidade, pra depois alugar um carro e andar por todo o mundo, admirando a vista, curtindo o ar e a cultura de cada lugar, parando pelos bares, restaurantes e botecos, experimentando de tudo e perguntando ao garçom "tem maionese?". Mas, o melhor mesmo é quando você se atira no mar de corpo e alma, sentindo que cada onda que passa leva teus rancores, tuas mágoas, teus medos, e você sorri para a câmera que te filma, que te fotografa, e berra de lá do meio das águas: "tá conseguindo pegar o sol, amor?" "vou mais pra trás ou aqui tá bom?" "to saindo bem nessas fotos, amor, tem certeza?".

Somos assim. Gato escaldado tem medo de água fria, mas, ele não deixa de viver. Uma hora ou outra devemos nos permitir, devemos acreditar que nem todos os carros irão bater e nem todas as pessoas irão magoar você, devemos acreditar que existe alguém que queira uma transparência mais nítida que a tua, que existe aquela pessoa que vai fazer de tudo para ser correto e para cumprir todas as promessas que fizer a você. Temos que acreditar que existem relacionamentos que não foram feitos para ter um fim. Que nem todo acidente é tragédia, que nem toda a turbulência é sinal que vai cair, e que um mar de possibilidades nunca vai te afogar. Temos que acreditar no melhor. Temos que apostar alto quando se trata de felicidade e de amor. Eu acredito. Eu aposto. E você?

Dedicado a quem me fez acreditar.

21 de jan. de 2014

Dizer Adeus


Diante da morte ficamos paralisados. Em nenhum momento as palavras faltam tanto como nessa hora, quando temos que nos despedir de uma pessoa que amamos ou quando temos que confortar quem passou por essa perda. A morte é sempre pesada, é sempre muito dura de encarar. A morte traz uma realidade que esquecemos no dia a dia, a realidade da fragilidade que é viver, é quando somos atropelados por uma noticia dessas que percebemos o quão delicado é tudo isso, só assim a gente se dá conta que a vida é um sopro. Tenho apenas 23 anos, não tive muitas perdas, e as que tive eu era muito bebê, então nem me recordo, fui protegido na época pelo fato de ainda não entender o que significava aquilo, tive a sorte de ter aquela memoria superficial, onde as coisas eram esquecidas facilmente. Foi assim quando perdi meu Pai, eu tinha apenas 1 ano e 8 meses, estava começando minha vida, comia e dormia com grande facilidade, então não percebi o que acontecia dentro da minha casa, não percebi que minha Mãe e meus irmãos ficaram tristes de uma hora pra outra, não percebi a correria que a noticia da morte repentina do meu Pai trouxe para minha família, não percebi que meu Pai simplesmente sumiu, que eu não ia mais ver ele fazendo a barba no banheiro, eu era apenas um bebê e estava dentro do meu berço, enquanto minha Mãe estava com o guarda-roupa aberto escolhendo a roupa que meu Pai ia vestir pela última vez, enquanto algum padrinho, ou algum tio ligava para a funerária para escolher caixão, flores e alças, tem coisa mais louca do que isso? ter que enfrentar a burocracia, ter que fazer contas, ter que avisar as pessoas, ter que se vestir, ter que sair de dentro da sua casa em uma hora dessas, existe coisa mais inadequada que a morte?

Eu realmente tive muita sorte, fiquei imune a toda essa dor. Mas, hoje tenho a consciência de tudo que a minha família passou, de quanta dor uma morte precoce e sem aviso prévio pode causar nessas pessoas que estão conscientes naquele momento. Quando conseguimos observar a morte se aproximando daquelas pessoas mais velhas, já muito doentes e debilitadas, ainda assim nos causam dor, claro, mas, conseguimos ter o discernimento que a vida seguiu seu fluxo natural, mas, quando perdemos alguém que é muito novo, alguém que a gente nunca imaginou perder, alguém que até ontem estava tão vivo quanto você, alguém que tinha uma grande estrada pela frente, aí é duro dizer adeus, é duro entender, todo esse processo é muito dolorido. Mortes estúpidas nos baqueiam, nos deixam sem movimento e sem expressão. Acredito que cada vez que acontece uma perda assim um sorriso se apaga no mundo, ficamos tristes junto com essas famílias, se estamos de fora e ficamos assim, imagina quem vivencia isso tudo de dentro, imagina quem tem que continuar sua vida depois disso, pois, a vida sempre continua, depois de dizer adeus a quem você tanto amou, é preciso ir para casa, enfrentar as lembranças de um quarto, das roupas, do cheiro, de uma vida, é preciso se alimentar e tomar um banho, é preciso fechar os olhos para tentar dormir, seu trabalho, seus compromissos, as sacolas do mercado cheias de coisas para guardar ainda estão esperando por você, esperando você. Uma hora a vida tem que ser retomada, a dor e a saudade vão ficar por ali, rondando e invadindo seu quarto em algumas noites, mas, acredito que as orações, que a força que todos estão mandando vão ajudar, vão ajudar você a dormir, a sonhar com coisas lindas, e no amanhecer você vai estar mais forte. Deus, o universo, e todas as pessoas que te rodeiam estarão com as atenções e o amor voltados pra você e sua família. Acredito que algo muito maior que nosso entendimento acontece nessas horas, trazendo uma força e um conforto que são precisos e indispensáveis nessa caminhada, aquela pessoa amada vai estar no outro plano, ajudando você a aceitar que esse era o caminho que ela precisava percorrer, que tudo está certo apesar de não parecer, e que a paz, a felicidade, e a harmonia do seu lar vão voltar logo logo, com o tempo. Que Deus preencha o coração de vocês, e que segure tua mão bem forte a cada dia. Amém.

17 de jan. de 2014

Interrogando a Vida


Aqui estou eu mais uma vez pensando sobre a vida, sobre a minha vida, sobre a tua vida, sobre as nossas vidas. Aqui estou em mais uma madrugada tentando entender um pouco mais sobre essa coisa que é viver. Tentando achar explicação para coisas que eu sei que não existe explicação, para coisas que devem ser vividas e não entendidas. Se a gente for atrás de todas as nossas dúvidas sobre esse mundo, sobre quem somos, que papel exercemos, e porque exercemos, e qual o objetivo disso tudo, etc, etc... a gente vai longe, e ainda corre o risco de enlouquecer. Aprendi isso com a vida: que existe perguntas que nunca devem ser respondidas, ou até mesmo perguntadas. Viver é fechar os olhos para muitas coisas, viver vai além do querer entender, o que importa se foi o ovo ou a galinha que chegou primeiro? o que importa agora saber como estamos aqui se para isso é preciso duas pessoas de sexos opostos? como tudo se originou? que mágica foi essa? foi Deus? Foi o universo? foi uma célula? um macaco? enfim, as opções são infinitas e a resposta é uma só, uma resposta que ninguém tem. 

Acredito que nosso papel aqui nesse mundo, é ser feliz. Não falo isso da boca pra fora, tenho absoluta certeza que esse é o motivo de estarmos todos aqui, convivendo uns com os outros, buscando nossos sonhos, construindo ligações, montando lares, viajando, conhecendo pessoas e países, estudando, se dedicando, pintando, contracenando, plantando, colhendo, indo atrás, correndo, sempre se mexendo, sempre mudando, sempre tentando. Estamos o tempo todo buscando a nossa felicidade, até a pessoa mais infeliz ainda tem esperança de um dia sorrir. A grande missão no meu ponto de vista é evoluir, é conseguir sair melhor desse mundo do que chegamos, não consigo imaginar como é passar por toda uma vida da mesma maneira, sem mudar de opinião, sem enxergar as coisas de um outro lado, sem ceder, sem dar o braço a torcer. O grande barato disso tudo é a mudança, é a maneira como a vida sempre consegue surpreender, até mesmo aquela fulana que faz a mesma coisa todo dia, que tem uma rotina impecável a mais de quarenta anos, fazendo sempre tudo igual, tentando se proteger com o "de sempre", louca de medo do novo, até essa dona um dia é surpreendida, um dia a vida resolve acordar do avesso e trazer ela para essa valsa, a valsa das mudanças.
Estou entrando mais ainda na madrugada, gastamos muito tempo quando resolvemos pensar nisso tudo. Mas, vou dormir tranquilo, pois apesar de muitas perguntas que não foram respondidas nessa noite, eu me sinto um pouco mais maduro do que acordei, pois estou mudando. Mudanças costumam vir com encerramentos de ciclos, com inícios de outros, somente quando conseguimos fechar aquela janela com vista para o passado é que conseguimos sair pela porta da frente do futuro, sabendo que a estrada é repleta de surpresas, e se a gente estiver de coração limpo as surpresas são sempre maravilhosas.

16 de jan. de 2014

Rio de Janeiro


Existem aqueles sonhos que nos acompanham por muitos anos. Aqueles sonhos que alimentamos todas as noites escondido, sem fazer barulho e sem deixar pistas. Aqueles sonhos que por mais que pareçam distantes ou impossíveis a gente nunca deixa de acreditar. São esses sonhos guardados, empoeirados que fazem a gente acordar todo dia, que nos motivam a encontrar novos caminhos para chegar até eles.

Eu sempre tive o meu sonho. Desde pequeno, quando aos poucos fui experimentando as aulas de Teatro da Escola Municipal onde eu estudava, era somente naquele momento que eu podia ser eu de verdade, sem julgamentos, sem preconceito. Era naquela sala de aula, com as janelas pintadas de preto, com as cortinas escuras, com aquelas caixas de papelão cheias de fantasias, de acessórios, de possibilidades. Era naquela sala onde a iluminação era diferente, onde as cadeiras formavam um circulo, deixando o meio livre, livre para mim, livre para eu ser quem eu quisesse, foi naquela sala de aula que eu descobri o quanto prazeroso e empolgante era poder ter outras vidas. O quanto eu amava deixar de ser eu por alguns instantes. Com o tempo isso só aflorou, fiz curso de Teatro profissional, entrei para a Escola de Atores de TV e Cinema aqui de Porto Alegre, e essa vontade, essa paixão por atuar só foi crescendo. A vida, os compromissos, a necessidade de ter meu próprio dinheiro me afastaram desse sonho, foi isso que fez meu sonho ficar empoeirado, guardado, escondido em algum lugar, mas, a verdade é que eu nunca esqueci disso, continuo acreditando, é esse o sonho que alimento toda a noite, sozinho no meu quarto, é por isso que acordo todo dia e invento algum caminho para tentar chegar até ele.
Sempre soube que minha vida não é aqui onde estou hoje, sempre soube que apesar de amar Porto Alegre e de toda a minha estrutura, todas as minhas referências estarem aqui, aqui não é o meu lugar, não é a cidade que vou construir a minha vida, que vou trabalhar e conquistar minhas coisas, não é aqui que vou constituir minha família, ter meus filhos, não é aqui que vou ser Ator, não é aqui que eu vou estourar. Rio de Janeiro é o meu lugar. É lá que vou realizar meus sonhos, é lá que vou meter a cara de uma vez por todas para trabalhar com que eu amo, é naquele lugar que vou poder viver outras vidas, ser completo e realizado. Eu sempre quis isso. Sempre me imaginei lá. E, o mais estranho de tudo é que eu ainda nem conhecia o RJ.
Pois eu conheci, dia 07 de Janeiro ganhei esse presente da minha melhor amiga Michelly (que está na foto comigo), ganhei as passagens e a estadia de uma noite no hotel, foi apenas um dia, coisa muito rápida, deu apenas para sentir o ar daquele lugar, eu fui só dar uma espiadinha no meu sonho, mas, foi o suficiente para eu ter certeza de tudo. Rio de Janeiro é imenso, e apesar de toda a parte linda e maravilhosa, das praias, dos pontos mais turísticos, tem a outra parte, a parte suja, a parte pobre, a parte da violência, o fato do povo ser tão diferente do que eu estou acostumado aqui no Sul, era fácil de perceber que eu estava em outra cidade, tudo é muito diferente, tudo é muito mais rápido, tem que ser esperto. E apesar de tudo isso eu consigo aceitar aquela cidade assim mesmo, eu consigo amar aquele lugar exatamente como ele é, e eu sinto que ele está de braços abertos pra mim. A viagem renovou esse sentimento, essa vontade, esse sonho. A minha ida ao Rio de Janeiro só fez aumentar o meu desejo de tentar, de arriscar, de correr atrás. Sinto que meu sonho não está mais tão empoeirado, tão escondido, tirei ele da gaveta e coloquei em cima da cômoda, para que eu possa olhar pra ele todo dia, para que eu possa ter a certeza do meu destino. 

6 de jan. de 2014

Conselhos de Amigo


Olha como as coisas são, estou a muito tempo querendo contar a nossa história, estou a bastante tempo pensando em escrever sobre ti, em usar esse espaço para dividir com as pessoas um pouco sobre o que eu aprendi contigo. Pensei em mil maneiras de escrever esse texto, eu poderia contar a nossa história em detalhes, mas ficaria muito longo e de repente não tão interessante para quem não nos conhece, eu poderia escrever sobre duas pessoas, mas sem mencionar a gente, ou bastaria eu escrever sobre amizade, que é o tema principal desse texto. Bom, eu preferi escrever diretamente pra ti.
É difícil "falar" ou escrever sobre amizade sem deixar os outros de saco cheio, normalmente as histórias e declarações públicas de amizade são basicamente a mesma coisa, muito "te adoro" pra cá, muito "aprendi contigo" pra lá, muito "pra sempre" aqui e muito "te desejo..." ali, enfim. Quero te dizer que vou tentar fugir de tudo isso e abrir meu coração pra ti, e tu deve pensar agora "quantas vezes ele já abriu esse coração pra mim". Foram inúmeras vezes, sou uma manteiga e divido meus problemas com facilidade, foi ao teu ouvido e ao teu ombro que corri milhares de vezes, e tenho certeza que tu lembra de cada uma delas, ou das principais pelo menos. Temos um tempo de relação onde já podemos ter a certeza se é ou não uma amizade verdadeira, aliás o que é uma amizade verdadeira? É exatamente isso que a gente tem, Fábio. É uma relação onde podemos ser nós mesmos, onde podemos ser uma manteiga derretida ou uma rocha, onde podemos abrir a nossa boca e despejar tudo que achamos, tudo que pensamos, tudo que queremos, podemos nos abrir sem medo, sem medo de ser reempreendido, sem medo de ser ridículo, de parecer estranho ou leviano, apenas dividimos um com o outro os nossos mais puros e secretos sentimentos. Isso fez a gente ficar íntimo, fez a gente construir algo em cima do nada, apenas construímos essa ligação por vontade própria, por identificação, por afeto. A vida tem me mostrado todo dia o quanto essa ligação vale a pena.

Aprendemos a respeitar as nossas diferenças, aprendemos a respeitar a nossa relação. Quando a nossa confiança foi abalada tratamos de dar uma geral nela, ressuscitamos o morto juntos, arremangamos as mangas e fomos salvar o que a gente tinha de melhor, conseguimos limpar toda a sujeira de um momento mal conversado, de um momento que as nossas vidas e opiniões tomaram um rumo diferente. E agora estamos de volta, e acredito que de uma maneira muito mais bonita e sincera, estamos cuidando um do outro, mas principalmente cuidando dessa amizade, cuidando dessa relação que pegamos gosto de ter. Justamente hoje, justamente em Janeiro que foi o mês que a gente se conheceu a uns anos atrás, justamente em um dia que eu precisava ouvir a coisa certa, tu vem conversar seriamente comigo, vem me mostrar tudo que eu precisava ver, vem me cobrar coisas que eu precisava ser cobrado, hoje, mais do que nunca tu fez o teu papel, de amigo. Me alertando, me mostrando meus erros e sendo muito íntegro na tua opinião, percebi hoje de uma vez por todas que tu é pra sempre (desculpa ter caído na habitual declaração de amizade) mas, acredito realmente que seja, tu vem a muito tempo buscando o meu melhor, exigindo a melhor parte de um Felipe que quer mudança, um Felipe que tu viu passar por tudo que passou, e que hoje como tu mesmo disse "Tem obrigação de mudar". 
Muito obrigado pelo voto de confiança, e por esse carinho que temos um com o outro. Que 2014 seja pleno e cheio de gás para alavancar ainda mais essa nossa parceria. Como tu sempre diz e não poderia faltar: "Que seja doce".

4 de jan. de 2014

Sensação Boa


Posso parecer muito precipitado, ou intenso demais. O que não seria novidade alguma para quem me conhece de verdade, durante esses vinte e três anos mantive minha intensidade a mil, e com toda essa intensidade acabava automaticamente sendo precipitado. Ok, isso me causou inúmeros problemas e situações que eu não gostaria de passar nem daqui algumas vidas, situações e problemas que me ajudaram sem dúvida alguma a crescer, e hoje saber exatamente o que não admitiria passar de novo. Como diria um grande amigo meu "Não brinco de errar duas vezes"

Mas, sendo precipitado ou não, intenso demais ou não, eu quero dizer com todas as letras, que 2014 vai ser um ano i n c r í v e l, não posso explicar só com palavras tudo que vem a minha mente quando penso nas oportunidades que esse ano está trazendo, pois é algo particularmente sensorial, eu sinto isso, sinto a energia de um ano em branco, com todos os tipos de caminhos para a gente entrar e se aventurar, com dezenas de atalhos para gente seguir, com muitas surpresas reservadas e mais, e mais aprendizados. Está tudo aí bem a nossa frente, o tempo todo as oportunidades piscando como em um jogo, só aguardando você acertar ela em cheio e de repente ser muito feliz. Sinto agora mesmo enquanto escrevo uma realização muito grande, estou realizado em estar vivendo exatamente esse agora, onde tenho a cada dia a oportunidade de acordar feliz por ter opções, diversas opções. Estou realizado pois pela primeira vez estou vivendo no agora, não estou escarafunchando meu passado e não estou com os olhos lá na frente, em um futuro que mal consigo ver. Estou feliz com meu dia hoje, com a minha tarde maravilhosa, com esse momento agora a noite onde posso estar deitado na minha cama, com meu computador no colo enquanto escrevo todas as coisas que passam pela minha cabeça. Estou feliz pois observo a coleção linda de amigos do passado que cultivei até hoje, feliz ao perceber quanto amor existe nas minhas relações, e principalmente feliz com todas as pessoas novas que apareceram em minha vida nos últimos meses e as que ainda aparecerão. Estou de bem com o caminho percorrido e isso não tem preço. 
Por tudo isso, só consigo enxergar 2014 como um grande ano. Pois estou com os dois pés no chão, com meu olhar mais atento do que nunca, e com o coração mais aberto do que algum dia eu pude estar. Deixei naquele mar todas as minhas feridas, tudo aquilo que me atrasava, que me prendia. Hoje me sinto limpo e livre, livre para ser quem eu quero de verdade, livre para escolher a minha estrada, para escolher minha profissão, para escolher uma paixão, para escolher meus amigos e para escolher um novo amor.
Chega de tudo. 2014 chama pelo novo mais do que qualquer outro ano. Vou fazer diferente de tudo que eu já fiz. Vou ousar. Vou fazer as coisas que eu quero darem certo, vou ir sempre até o último minuto para isso. Pois nunca estive tão confiante e com tanta sede por viver coisas novas e únicas. 
Acreditar é um grande passo. Agir é um passo maior ainda. Realizar é a grande sensação final.
Que toda essa alegria e essa certeza se mantenham até o último dia desse ano e dos próximos. Que as coisas aconteçam e sejam lindas.

3 de jan. de 2014

2014


Acabou. 2013 já faz parte do nosso passado. Já pulamos as nossas ondinhas, fizemos nossos pedidos, estouramos a champanhe, nos vestimos com roupas claras, já olhamos os fogos estourando enquanto fazíamos nossas preces em voz baixa, abraçamos os amigos, os familiares ou quem mais estivesse nessa virada conosco. 2014 entrou com tudo. E agora? Agora é estar aberto para receber todas as coisas novas que esse ano tem reservado pra gente. Esse espirito de renovação que paira em nossas cabeças, essa vontade de mudar tudo que estava ruim e começar uma nova trajetória, todo esse espirito de mudança que a troca de ano traz fica pegando fogo agora, todos querem mudar, todos querem tirar e colocar coisas em suas vidas, é hora de pedir, de acreditar, de agradecer, só não podemos deixar esse fogo se apagar, não podemos deixar que a correria dos próximos dias nos tire essa vontade, nos tire do caminho que queremos percorrer ao longo de 2014. 

A meia noite do dia 31 agradeci muito, acredito que gastei mais tempo agradecendo do que pedindo. Enquanto eu observava os fogos estourando, enquanto eu sentia meus pés naquela areia úmida da praia, enquanto eu via a quantidade de pessoas vestidas de branco que estavam a minha volta, ocupando toda a extensa beira daquele mar, eu me dei conta que eu estava ali, que eu podia estar ali naquele momento, que eu venci uma doença que me impossibilitaria de estar naquela situação, na hora veio na minha cabeça a minha imagem fazendo as Quimios, de todo aquele processo, eu carequinha, com o corpo cansado, com o rosto bem pálido e com aquela cara de quem está passando por alguma doença, lembrei daquela imagem e agradeci por naquele momento eu estar ali de pé, com mais cabelo, agora bronzeado, com o corpo forte e com a cara de quem está feliz e realizado. Valeu a pena esperar, valeu a pena eu acreditar, eu ter fé, eu rezar, valeu toda a dedicação com o tratamento. Eu consegui, consegui fazer minha festa de 23 anos, consegui dançar uma noite inteira, consegui ir em um rodizio de pizza, consegui ir para a praia, comemorei a chegada de mais um ano, e pude me despedir desse 2013 que apesar de turbulento e forte, foi um ano que vou guardar com muito, muito carinho, um ano que me aproximou de pessoas importantes, que me aproximou da minha fé e da minha força, que me deu esse espaço aqui onde posso fazer uma das coisas que mais gosto, que é escrever. Enfim, fechei com chave de ouro esses 365 dias. 
Agora em 2014 eu quero seguir na minha caminhada da mudança. Quero sinceramente e sem nenhum tipo de demagogia me tornar melhor a cada dia, abandonar aqueles velhos defeitos que impedem a gente de seguir, quero deixar em 2013 toda e qualquer mágoa que eu ainda possa ter, quero estar com minhas feridas cicatrizadas e com a minha vida organizada para receber os novos visitantes. Quero viajar e conhecer pessoas, porque só assim a vida realmente vale a pena. Escolhi uma palavra pra ser meu farol esse ano, que é Comprometimento, vou me comprometer comigo mesmo, com as minhas ações, com as pessoas que estão vivendo ao meu lado, me comprometer com a minha caminhada, com a minha jornada, quero aprender a levar as coisas até o fim, se começar eu tenho que terminar, isso é comprometimento, e isso é o que sempre faltou na minha vida, nos meus relacionamentos, nas minhas histórias, faltou me comprometer. 2014 vai ser um ano incrível para todos nós, escolha a sua palavra e se comprometa em levá-la a sério.