Observo-me sentado em cima de um colchão inflável, com um
notebook recém comprado sobre o sofá, também novo. Ouço agora apenas o barulho
do ventilador de teto, que refresca um pouco mais essa noite, esse apartamento.
No meu lado direito (e do notebook também) repousa meu livro, onde procurei
abrigo durante algumas horas da tarde. “Dupla Falta”, o título.
Percebo-me sozinho. Dentro desse espaço, que agora chamo de
meu apartamento.
Totalmente sozinho. E logo, reparo, o quanto estou tranquilo.
Paredes brancas, sofá preto, duas cadeiras de madeira
acompanhadas de uma mesa, um guarda-roupa (onde escondo as minhas duas malas
ainda não desfeitas), a cozinha pequena, um banheiro todo branquinho... E eu. Apenas eu.
Se esses dias não forem algo parecido com “se auto
conhecer”, eu não sei mais...
Estou comigo dia todo, do abrir dos olhos, ao fechar e
abrir de novo por conta de algum pesadelo. Nunca estive tão integralmente comigo.
E acho maravilhoso, não só pelo fato de ainda não ter lavado a louça do almoço
(não se preocupem, vou lavar), mas algo muito mais profundo que isso. Como
disse, observo-me tempo todo. Converso diariamente com meus defeitos e com
minhas incríveis capacidades. Converso e discuto meus planos e vontades a todo pulmão. Escuto-me cada dia mais.
Permito até mesmo interromper a escrita desse texto, para
dar risada com minhas amigas do Rio Grande do Sul via redes sociais (WhatsApp). Pensando
bem, nem estou tão sozinho assim.