f Adeus, verde.: janeiro 2015

9 de jan. de 2015

Longe de casa, 2° Noite



Observo-me sentado em cima de um colchão inflável, com um notebook recém comprado sobre o sofá, também novo. Ouço agora apenas o barulho do ventilador de teto, que refresca um pouco mais essa noite, esse apartamento. No meu lado direito (e do notebook também) repousa meu livro, onde procurei abrigo durante algumas horas da tarde. “Dupla Falta”, o título.

Percebo-me sozinho. Dentro desse espaço, que agora chamo de meu apartamento.
Totalmente sozinho. E logo, reparo, o quanto estou tranquilo.

Paredes brancas, sofá preto, duas cadeiras de madeira acompanhadas de uma mesa, um guarda-roupa (onde escondo as minhas duas malas ainda não desfeitas), a cozinha pequena, um banheiro todo branquinho... E eu. Apenas eu.

Se esses dias não forem algo parecido com “se auto conhecer”, eu não sei mais...

Estou comigo dia todo, do abrir dos olhos, ao fechar e abrir de novo por conta de algum pesadelo. Nunca estive tão integralmente comigo. E acho maravilhoso, não só pelo fato de ainda não ter lavado a louça do almoço (não se preocupem, vou lavar), mas algo muito mais profundo que isso. Como disse, observo-me tempo todo. Converso diariamente com meus defeitos e com minhas incríveis capacidades. Converso e discuto meus planos e vontades a todo pulmão. Escuto-me cada dia mais.

Permito até mesmo interromper a escrita desse texto, para dar risada com minhas amigas do Rio Grande do Sul via redes sociais (WhatsApp). Pensando bem, nem estou tão sozinho assim.

Em cima do livro já se encontra meu celular, estou com os joelhos sobre o colchão inflável, pronto para buscar o ponto final do que escrevo, pois ainda preciso saborear a massa que preparei. De tudo, o que importa, é isso... Estou tranquilo. Livre.


5 de jan. de 2015

Carta para Deus


Olá Deus,

Estive ausente, confesso. Pelo menos em oração. Apesar de acreditar que minha felicidade e gratidão falam por mim. Nunca esqueci o que o senhor fez e vem fazendo para me ajudar. Um pouco mais de um ano atrás clamei diariamente pela minha vida. E aqui está ela. Estou vivo. E muito bem.

Volto a escrever para o senhor, e peço licença para descarregar mais alguns pedidos... Deus, estou mais uma vez batendo a porta da minha casa e indo embora. Mais uma vez vou segurar o choro enquanto abraço apertado a minha mãe, impedindo que ela repare na lágrima que certamente vai vir mais forte enquanto cruzo o portão de embarque.

Eu quero ir embora. O senhor sabe disso, ela sabe disso.

Mas nem por isso deixa de doer, é a chamada saudade, que a cada ano entendo um pouquinho melhor. 

Sei que logo estou de volta, tenho um compromisso com a minha saúde, e quanto a isso vocês dois não precisam se preocupar. Em fevereiro estarei aqui novamente, provavelmente em cima dessa cama, olhando para esse computador.
Ia quase esquecendo dos meus pedidos... Ilumina meu caminho, abre meus olhos e faça que eu enxergue tudo com mais clareza. Ajuda a administrar essa vontade louca de ser livre, deixa eu entender porque não quero criar raízes. Me protege. Abraça forte e pega a minha mão toda a noite. Sussurra no meu ouvido as oportunidades certas. Eu quero um sorriso ainda maior na minha boca. Quero ganhar de presente a tranquilidade de estar no caminho certo. Eu quero caminhos. 

E a última coisa... por favor, cuida dela, entrega tudo de melhor, pois ela merece. Tu fez uma grande mulher, uma grande mãe. E se hoje posso sair de baixo da asa dela com toda essa facilidade, é justamente a prova de tudo que acabei de escrever. Ela é incrível. Que tudo dê certo, assim que eu cruzar o portão de embarque. Amém.