Gosto de ver nosso instinto de sobrevivência, o quanto permanecemos de pé apesar das dores, seja ela qual for, a dor da perda, o fim de uma relação, a falta de saúde, ou simplesmente porque as coisas não saíram conforme planejamos.

Sempre compartilhei dessa ideia de que 12 meses é o suficiente para nossa vida virar de cabeça para baixo e começar a ser outra coisa. Mas, hoje tenho ainda mais certeza disso. Esse mês faz exatamente um ano que descobri o diagnostico de câncer, faz um ano que recebi a noticia que precisaria entrar em tratamento de quimioterapia para tentar combater essa doença.
E quando volto lá atrás, e tento revisitar toda aquela situação, percebo o quanto eu e a minha vida éramos diferentes, tenho dificuldade de acessar todas essas lembranças e de me colocar no lugar daquele Felipe, que precisou lidar com tudo aquilo, passar por tudo que passou, que passei, ou que passamos, é realmente confuso. Mas, quero dizer que as coisas realmente passam, somem, de tal modo que criamos um distanciamento tão grande do que vivenciamos que parece pertencer a outra vida.
Estou feliz hoje, na verdade estou muito feliz. Minha vida está organizada e eu estou vivo.
Que os meses e anos continuem passando e fazendo tudo se modificar, ficar parado, estagnado é total perda de oportunidades, de felicidade.